Arquivo da tag: Minas Gerais

Comissão Municipal da Verdade entrega relatório final às autoridades

Com a sensação de dever cumprido, colegiado entregou resultados aos representantes dos poderes Executivo e Legislativo

Por Marcela Ribeiro

O prefeito Bruno Siqueira recebeu uma cópia do relatório das mãos da presidente da CMV-JF, Helena da Motta Salles (Foto: Leiliane Germano/ 06-04-2015)
O prefeito Bruno Siqueira recebeu uma cópia do relatório das mãos da presidente da CMV-JF, Helena da Motta Salles (Foto: Leiliane Germano/ 06-04-2015)

Após um ano de investigações a Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora (CMV-JF) entregou o relatório final de seus trabalhos aos representantes dos poderes Executivo e Legislativo. A solenidade foi no auditório da Prefeitura, na manhã da última segunda-feira (6), e contou com as participações do prefeito Bruno Siqueira, do presidente da Câmara, Rodrigo Mattos, da presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Cristina Couto Guerra, que também integra a CMV-JF, e da diretora de Ações Afirmativas da UFJF, Maria Elizabete de Oliveira, além dos demais integrantes da comissão.

Continuar lendo Comissão Municipal da Verdade entrega relatório final às autoridades

Nanicos crescem e grandes partidos perdem cadeiras

A exceção foi o PSDB que ganhou mais vagas; ainda assim PT e PMDB continuam com maiores bancadas

Por Luanda Mendes, Luzya Marxiellen, Miguel Faria e Rafaela Almeida*

Plenário da Câmara dos Deputados (Foto: site oficial do Congresso Nacional)
Plenário da Câmara dos Deputados (Foto: site oficial do Congresso Nacional)

A renovação da Câmara dos Deputados terá impacto no novo cenário político brasileiro. Com 19 novos deputados federais, Minas Gerais (segundo maior colégio eleitoral do país), contará com cinco novos partidos na Câmara, totalizando dessa forma, 53 deputados em 21 legendas. Analisando a atual conjuntura da bancada federal, o cientista político Raul Magalhães afirma que a nova composição será determinante para o resultado do segundo turno.

Ilustração: João Matheus Cunha
Ilustração: João Matheus Cunha

A queda da representatividade de grandes partidos, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), e o aumento de cadeiras do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e do Partido Socialista Brasileiro (PSB) – além das novas legendas – aumenta a pulverização das forças partidárias. “A próxima Câmara é mais fragmentada do que a atual. Isso, provavelmente, vai resultar em dificuldade de construir maiorias para quem quer que ganhe a Presidência, porque será preciso entrar em negociação com mais partidos”, destaca o cientista político Paulo Roberto Figueira Leal. Essa opinião é compartilhada pelo mestre em história social Marcos Olender, que destaca ainda que a direita ganhou muita representatividade. “Mesmo que a Dilma ganhe, ela vai ter que governar com um Congresso mais conservador que o da gestão atual.”

Para o sociólogo Rafael Grohmann, a dança das cadeiras no Congresso Nacional não está ligada apenas a questões como a corrupção ou uma negativa ao modo de fazer política de um partido. “A questão maior, a meu ver, não é se a bancada de tal partido diminuiu ou aumentou, mas o perfil da nova Câmara, que é, com certeza, mais conservadora e à direita.

No entanto, a manutenção do PT (com 70 deputados) e do PMDB (66 cadeiras) como majoritários na Câmara faz com que a força política fique indefinida até o resultado do segundo turno. Na hipótese de vitória de Dilma, o PSDB (54 deputados) sai muito fragilizado e, sobretudo, a seção mineira do partido, por ter perdido o governo de Minas depois de 12 anos e, também, a Presidência, explica Figueira Leal. Dessa forma, o centro do poder do PSDB é deslocado para São Paulo. Com a possível vitória de Aécio acontece exatamente o inverso, pois o PT – que tem o governo de estados importantes como Minas Gerais e Bahia – terá a diminuição de suas bancadas, tanto na câmara quanto no senado.

“Isto implica que há muito em jogo no segundo turno, não só a Presidência da República, mas o cenário também para anos vindouros. Caso Dilma seja reeleita, há uma perspectiva real de continuidade do PT no poder por muito mais tempo, por que o próximo candidato do PT é o Lula, que certamente tem muito mais peso eleitoral que a Dilma, e a chance de vitória dele em 2018 será mais provável se o governo for petista. Se o PSDB vencer, cria-se um instrumento que torna as eleições de 2018, apesar da altíssima popularidade do Lula, mais imprevisível. Portanto, há muito em jogo no resultado desse segundo turno.”, comenta Paulo Roberto.

Zona da Mata no Congresso Nacional

Sete candidatos a deputado federal da região foram eleitos no último domingo (5). Três deles são de Juiz de Fora: Marcus Pestana (PSDB), com 131.687 votos; Júlio Delgado (PSB), com 86.245 votos; e Margarida Salomão (PT), 78.973. Já Misael Varella (DEM) e Renzo Braz (PP) são de Muriaé e foram eleitos com 258.363 e 109.510, respectivamente. Estarão na Câmara dos Deputados também Luiz Fernando (PP), de Santos Dumont, que obteve 117.542 votos; e Bonifácio Andrada (PSDB), de Barbacena, que garantiu 83.628. Destes, com exceção de Misael Varella, todos foram reeleitos.

Dos três eleitos com domicílio eleitoral em Juiz de Fora, o deputado do PSDB Marcus Pestana foi reeleito com a maior votação. Segundo ele, as eleições foram presididas por um ambiente motivado contra a corrupção e certo distanciamento da população com o sistema político. “Fico feliz de obter o reconhecimento da população mineira com mais de 130 mil votos além de ter levado o Aécio ao segundo turno. ”

Em entrevista ao blog inFormação, Margarida Salomão (PT) reforça o “compromisso com a representação da cidade e de seus interesses. Sou deputada majoritária em Juiz de Fora e vou abrir pontes com governo federal e estadual”.

Júlio Delgado (PSB), diz que pretende ser coerente e ético, atuando como nos mandatos anteriores. “Acredito que por isso os eleitores nos deram a possibilidade de alcançar um mandado na Câmara Federal, defendendo a nossa bandeira em defesa dos aposentados, da questão da redução e revisão do fator previdenciário, e da reforma política. Então vou levar estas e outras propostas que me deram o reconhecimento do eleitor e que me possibilitou obter mais este mandato.”

Pimentel inaugura “era” petista em Minas Gerais

Por Ana Carolina e Roberta Oliveira*

Pimentel é eleito para novo governo em Minas.
Votação dos candidatos ao Governo estadual e à Presidência em Minas

Fernando Pimentel (PT) é o novo governador de Minas Gerais. Eleito com 52,98% dos votos, ele quebrou a hegemonia do PSDB no estado e se tornou o primeiro petista a assumir o Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte.

Para o doutor em ciência política e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT/PPED) Ignácio Godinho Salgado, há uma alteração substancial no panorama político de Minas Gerias com a mudança de postura do eleitorado mineiro para o PT após tantos anos de PSDB. “O PT alcança o governo estadual pela primeira vez. Muda a orientação básica do que tem sido a gestão estadual.”

Ignácio acrescenta que para o governo obter sucesso, é necessário o exercício de ouvir e ter grande articulação com as entidades empresariais, sindicais e de vários setores da sociedade civil de cada região.”Existe um cansaço natural em relação à situações consolidadas. Os eleitores tendem a dar uma importância maior ao executivo do que ao legislativo. A percepção da importância do parlamento na vida cotidiana das pessoas é pequena, por causa da natureza do nosso sistema político.”

O fato de Pimenta da Veiga (PSDB) ter saído derrotado na disputa para governador e de Aécio ter ficado com a segunda colocação no seu reduto (Dilma atingiu 43,48% dos votos em Minas e Aécio 39,75%) pode ser uma arma para a petista.

Apesar da mudança de atitude do eleitor mineiro, já acostumado a eleger peessedebistas para o governo do estado, o cientista político Raul Magalhães não considera que isso seja um reflexo da política petista na presidência. “No caso de Minas Gerais, pesou o fato de Pimentel já ter feito um trabalho junto com o PSDB na eleição de Márcio Lacerda para a Prefeitura de Belo Horizonte. Isso fez com que ele ficasse um petista bastante palatável para o eleitor do PSDB, para o eleitor do Aécio. Quebrou-se uma série de resistências, e isso só foi possível porque foi o Pimentel. Com certeza, qualquer outro candidato do PT não conseguiria.”

Para o cientista político Paulo Roberto Figueira Leal, a força dos partidos vai depender muito do resultado do segundo turno. “Em hipótese de vitória de Dilma, claramente o PSDB sai muito fragilizado e, sobretudo, a seção mineira do PSDB. Porque terá perdido o governo do estado depois de 12 anos e terá perdido um segundo turno. O que desloca o centro de poder do PSDB para São Paulo. Na hipótese de vitória do Aécio, é o contrário, o PT, que sai com o governo de estados importantes como Minas Gerais e Bahia, mas com diminuição de suas bancadas, tanto na Câmara quanto no Senado. O que implica que há muito em jogo no segundo turno.

*Colaboraram Laura Kiffer e Josimar Silva

Inovação junto à tradição política

ENTREVISTA COM LAFAYETTE ANDRADA (PSDB), candidato a deputado estadual

Por Kaio Lara

O deputado recebeu nossa equipe e falou sobre história política, propostas e realizações.
O deputado recebeu nossa equipe e falou sobre história política, propostas e realizações.

Os antepassados do deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB) têm personagens envolvidos na política brasileira desde a Independência do país até os dias atuais. Em Juiz de Fora, o parlamentar recebeu a equipe do blog inFormação em seu gabinete na Avenida dos Andradas, endereço com nome apropriado para um membro da tradicional família de Barbacena. Segundo Lafayette, a atração pela política vem de “herança genética”. Em 1992, ele iniciou a vida pública como vereador de Lavras. Depois disso, foi secretário municipal em Barbacena, vereador em Juiz de Fora, superintendente de Assuntos Municipais e secretário de Estado de Defesa Social nos governos estaduais do PSDB. Atualmente, atua na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) cumprindo o segundo mandato consecutivo. Na última quinta-feira (25), o deputado recebeu nossa equipe e falou sobre história política, propostas e realizações.

inFormação – Desde 1821 a família Andrada tem um representante na política, seja em cargos do Legislativo ou Executivo. O senhor faz parte da sexta geração dessa trajetória. O que levou o senhor a ingressar na política? Foi apenas por influência da família ou teve algum outro fator?
Lafayette Andrada  Principalmente a influência da família. Há mais de 150 anos que a família atua na vida pública e eu cresci nesse meio. Isso acaba sendo um incentivo, convivendo com essa experiência. E, naturalmente, tem uma herança genética que acaba nos atraindo para vida pública, me levando a concorrer às eleições.

O fato do senhor pertencer a uma família de tradição política pode representar um problema, diante de um cenário em que a população tem cobrado renovação tanto das personalidades políticas quanto da forma de se fazer política?
Aí são duas questões que a gente precisa analisar: o fato de pertencer a uma família que há muitos anos está participando da vida pública faz com que eu acabe me aperfeiçoando, conhecendo com mais profundidade a política do que pessoas que passam a entrar recentemente. A outra questão que você abordou é a vontade de renovação. Na verdade, essa vontade existe não tanto pelas pessoas (políticos), mas pela forma de governar. O que eu percebo é que justamente, por uma certa falta de tradição política, seja partidária, nos municípios ou das pessoas, acaba que fica esse “experimenta, tenta, experimenta, tenta…” e, por isso, não vão dando certo. Então, é justamente o contrário, o que falta é experiência na política. Quando a população hoje deseja e quer realmente renovação, é porque o que está aí não está dando certo. Se tivéssemos, na verdade, uma grande gama de políticos, homens públicos, que tivessem larga experiência, talvez muitas coisas ruins, que nós estamos vendo acontecer, não aconteceriam.

olho kaio

O senhor acredita que representa essa nova forma de fazer política ou isso independe do senhor?
Isso depende muito de mim, é claro, da minha formação e do meu modo de ser. O que eu trago é isso, uma visão de passado, experiência que me traz, então, plenas condições de ter uma visão de futuro. De ter uma visão de renovação em cima da experiência que eu já tenho. Essa que é a grande diferença: as pessoas querendo mudança, mas mudança sobre o quê? Qual é o passado que a gente quer mudar? Qual passado você conhece que precisa ser transformado? Eu trago essa experiência. E ao mesmo tempo tenho minha juventude e uma visão de futuro diferente.

Na visão do senhor, qual é a função de um deputado estadual?
O deputado tem duas funções principais, a primeira delas é fiscalizar as ações do Poder Executivo. Ele tem que representar a população no sentido de fiscalizar as ações que o governo está tomando. E a segunda é legislar. Compete ao deputado legislar sempre em favor do povo. Essas duas são as funções básicas de um deputado. A terceira é a representação da população, ele é a voz da população no debate das grandes questões que envolvem o cidadão.

Na busca pelo terceiro mandato, o que ficou para fazer nos próximos quatro anos? Quais são suas principais propostas?
A atuação parlamentar, na verdade, se debruça em cima de discussões gerais. É lógico que existem alguns parlamentares, alguns deputados, que têm um horizonte mais restrito dentro de uma linha de atuação. Por exemplo, existem parlamentares médicos que são muito engajados na causa da saúde, parlamentares policiais na causa da segurança, então, (eles) são uma minoria. Eu, pela minha formação (em direito) e pela minha atuação, fiz parte do governo (tucano) e sou líder de um bloco partidário que tem nove partidos, então a minha atuação é mais generalista. Eu atuo em discussões importantes, mas que envolvem várias temáticas. Eu sou membro de fiscalização financeira, da Comissão de Segurança Pública, sou suplente da Comissão de Administração Pública, sou suplente da Comissão de Meio Ambiente. Então, eu tenho uma atuação mais generalizada e, como sou líder de um partido (PSDB) e líder de um bloco, eu necessariamente participo de discussões de todas as temáticas. É esse trabalho que eu devo continuar fazendo.

Questões muito demandadas pela população, como saúde, educação e segurança também estão entre esses temas gerais?
Eu tenho contribuições fortíssimas nessas áreas. Na área da segurança eu fui secretário de estado de segurança (Secretaria de Estado de Defesa Social). Eu quero dizer que eu não atuo só nessas áreas. A minha atuação é fortíssima na área de segurança pública, fui secretário e conheço profundamente essa temática. Tenho uma atuação muito forte na área da saúde e da educação. Minha família, inclusive, trabalha nesse meio, mas o que eu quis dizer é que eu não trabalho só nisso. Porque enquanto alguns deputados focalizam e ficam só nessa temática, eu trabalho nessas e em outras mais também.

São 22 anos na carreira política: vereador de duas cidades diferentes e dois mandatos como deputado estadual, além de cargos no governo do estado. Dos projetos que o senhor implementou durante sua vida pública, qual elege ser de maior destaque? O que ficou faltando desenvolver?
Eu tive uma atuação destacada em alguns projetos importantes, não foram poucos. Na confecção da nova lei orgânica da Polícia Civil, eu fui praticamente o artífice. Está tramitando hoje na assembleia uma PEC, a PEC número 69, que trata dos servidores efetivados, que é de minha autoria e está tendo grande repercussão também. Eu trabalhei de maneira muito intensa na criação da Copanor, que é a subsidiária da Copasa, que atua no Norte de Minas. É como eu falei, como sou líder, eu tenho uma atuação com vasta capilaridade. Na lei de organização do Poder Judiciário eu fui o relator e tive uma atuação muito importante nela também. Ou seja, eu tenho um elenco muito extenso de leis que são importantes e estão vigorando.

Entre as comissões permanentes e a extraordinária na Assembleia Legislativa, o senhor participa de três grupos com discussões que envolvem meio ambiente, desenvolvimento sustentável, recursos hídricos e energia. Por que essa ligação com a sustentabilidade? Isso vem de onde? O senhor tem essa bandeira?
Tenho. É uma bandeira que eu carrego. A minha família, como você mesmo falou, tem uma longa tradição na política. O velho José Bonifácio Andrada e Silva, que foi o patriarca da Independência do Brasil, que era um iluminista, um intelectual, é considerado o precursor do meio ambiente no Brasil. Ele é considerado uma das primeiras vozes a favor do meio ambiente. E lá atrás, na época da Independência, ele já condenava a pesca da baleia e já alertava contra os perigos das queimadas. Realmente ele tinha uma visão muito forte. E eu sou funcionário de carreira do Ibama, estudei agronomia em Lavras, então é da minha formação. E é uma área que eu gosto de atuar, mas com muita responsabilidade, sabendo a importância da sustentabilidade, mas também dos grupos econômicos que atuam na agricultura e na pecuária como forma importantíssima de alimentar a humanidade. Mas é uma bandeira que eu gosto, o meio ambiente.

“ Eu sou sempre a favor da vida, sou sempre a favor da paz”

ENTREVISTA COM LUIZ OTÁVIO FERNANDES COELHO (Pardal-PTC), candidato a deputado estadual

Por Ana Carolina Silva

Pardal: A assembléia legislativa precisa ser revitalizada.
Pardal: A assembléia legislativa precisa ser revitalizada.

A aparência calma e simpática cedeu lugar às mãos trêmulas e nervosas. Assim a equipe do inFormação foi recebida por Luiz Otávio Fernandes Coelho (PTC), mais conhecido como Pardal. O vereador está em seu segundo mandato na Câmara Municipal e almeja agora uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, como deputado Estadual. As mãos inquietas talvez demonstrassem o cuidado que Pardal tomaria em tocar em questões polêmicas, como o aborto, a homossexualidade e a troca de partido. O candidato, que se coloca sempre “a favor da vida”, deixa explícito que não defende o direito ao aborto, mas pondera que por ser um assunto delicado, deva ficar a cargo do Poder Judiciário. A mudança do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para o Partido Trabalhista Cristão (PTC) também foi destacada na entrevista. Segundo ele, o episódio envolvendo o ex-prefeito Alberto Bejani (na época também do PTB), afetou diretamente a tentativa de reeleição. “Eu perdi mil votos”, afirma Pardal. Mas, apesar do desgaste imediato, o vereador acredita que a população soube separar sua imagem da do correligionário, mesmo porque ele retornou à Câmara Municipal em 2013. Após cerca de 50 minutos de espera pela conversa, ele contou o que o levou a entrar na política e apresentou suas principais propostas.

inFormação – Vereador Luiz Otávio Fernandes Coelho, o que levou o senhor a ingressar na política?

Luiz Otávio Coelho (Pardal) – O que me levou a ingressar na política é exatamente ter a capacidade de reconhecer de forma interna a possibilidade de fazer coisas em prol das pessoas. Esta foi a proposta inicial. Eu já estou com sete ou oito disputas. Na quarta disputa para vereador eu ganhei meu primeiro pleito, depois que acabou esse primeiro mandato, acabei me afastando por um período. Agora, de 2013 a 2016, consegui retornar.

Na opinião do senhor, qual é a função de um deputado estadual?

Ela é semelhante à de um vereador. As principais atribuições são exatamente o quê? Legislar em prol de uma camada maior, porque no nível municipal nós temos restrições, pois temos que estar sempre respeitando a nossa Constituição Federal e, consequentemente, a gente precisa ter, através dessa legalidade, dessa constitucionalidade, nossos projetos de lei, que precisam aprová-los e apresentá-los. Concluindo, a gente precisa, nessa condição de um deputado, ter um alcance maior, porque, consequentemente, nos possibilita ter um crescimento maior além daquilo que cabe a nós fazermos, os nossos projetos de leis. Enfim, ter uma estrutura maior, também obedecendo a nossa Constituição.

Por que o senhor decidiu se candidatar ao cargo de deputado estadual?

Acredito que seja nessa mesma linha de procurar ajudar um pouco mais além do que nos possibilita a condição de vereador, porque hoje nós entendemos e é de conhecimento de todos que Juiz de Fora está sem um representante na Assembleia Legislativa. Não temos um sequer, não é? (Na verdade, o deputado Leonardo Moreira tem registro por Juiz de Fora). E em um segundo mandato você pode buscar esse caminho para tentar uma vaga junto a Assembleia, para poder dar uma revitalizada, dar uma melhorada nessa representatividade. Criar essa qualidade de vida para as pessoas na saúde, educação, habitação, segurança. Precisamos, com essa condição de ser um dos representantes, criar mecanismos para que possamos primeiro retribuir a confiança hoje na política, que está muito difícil. Essa é a proposta para que a gente possa não só representar Juiz de Fora, bem como o estado de Minas Gerais, mas, em especial, a nossa região aqui da Zona da Mata e Mantiqueira.

Quais são suas principais propostas?

Nós temos problemas sociais que são de conhecimento de todos. É a saúde e a segurança, por todo o país, a falta de habitação, e a educação. Eu acho muito importante sempre procurar valorizar os nossos educadores (…). Mas com isso eu quero então, na condição de um dos representantes junto à Assembleia, buscar aquilo que precisamos fazer sempre. Melhorar segurança, educação, saúde, enfim, tudo que a gente puder colaborar, aproximando o governo, porque a política tem que ter esse discernimento por parte de quem representa a população, e acabar com essa distância. Eu acredito que tem que haver aproximação entre antigos e novos candidatos no partido. A relação entre eles não pode ser diminuída. Acima de tudo você tem pensamentos e propostas diferentes de situações que precisamos atender como representantes que seremos e somos. Esse é o fator principal, tem que ter essa proximidade com o governador, esses relacionamentos sempre amistosos dentro da assembleia. Todos nós juntos, com nossos poderes distintos, temos que fazer com que as necessidades da população sejam atendidas.

Enquanto vereador o senhor defendeu a bandeira do funcionalismo público. Caso eleito, pretende prosseguir neste rumo?

Sim. A gente precisa atender a todos os segmentos e o nosso funcionalismo público não pode ser diferente. Eu procuro fazer neste meu segundo mandato um trabalho à frente como líder do prefeito (Bruno Siqueira) aqui na casa e temos feito isso constantemente. O prefeito tem essa sensibilidade de procurar buscar sempre essa valorização dos servidores. Então, se tivermos essa oportunidade junto a Assembleia, não só para a nossa categoria, mas para todos os segmentos que precisam de uma atenção, assim faremos. E que nós possamos mudar esse paradigma que de que sempre o político entra lá e esquece de todos os setores. Eu quero contribuir conforme faço aqui no município. Eu quero ter um compromisso com os nossos servidores estaduais e municipais, buscando sempre a qualidade para todos e que todos possam ter mais dignidade nos seus trabalhos.

O senhor considera que tenha elaborado algum projeto de lei de destaque na cidade que poderia ser estendido para o estado de Minas?

Quando se fala em regularização de imóveis, acho que toda Minas Gerias passa por essa situação. Eu fui autor desse projeto de lei que possibilita a regularização dos imóveis, com isso, se tem um alcance muito grande, porque se as pessoas podem regularizar os imóveis elas podem ter acerto familiar, podem estar vendendo ou adquirindo um imóvel junto a um financiamento bancário. Outro projeto importante e aprovado recentemente é o que trata da não constatação do nome do pai biológico na certidão de nascimento. Isso traz desgaste muito grande para um aluno e acima de tudo prejuízo moral e ético para a criança, porque, com essa falta de informação, esse adolescente, essa criança, pode ser prejudicada. O que acontece demais é o pai participar apenas no momento do evento necessário e, depois, quando acontece um fruto, não reconhece o filho. No ato da matrícula nas escolas municipais, será verificado se na certidão de nascimento consta o nome do pai. As escolas precisam comunicar ao Ministério Público (MP), que fará contato com essa mãe e, posteriormente, tentará identificar quem é o pai dessa criança.

O senhor era do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) na época em que o ex-prefeito Alberto Bejani renunciou para não ser cassado. Quando e por que o senhor mudou de partido? Teve alguma relação com esse episódio?

Essa possibilidade é exatamente o que a legislação eleitoral permite. Eu, no meu primeiro mandato, de 2005 à 2008, acabei tendo um desconforto muito grande com o acidente que aconteceu na cidade, que foi reconhecido, lamentavelmente, e divulgado em todo o nosso país. Mas eu não estou aqui para julgar ninguém pois também sou cheio de defeitos, falhei em uma das minhas atribuições que é fiscalizar o Executivo. Eu tinha uma convicção que eu não saí desse primeiro mandato com (o impacto de) todas essas situações criadas pelo ex-prefeito. Eu sabia e tinha convicção que eu poderia trabalhar para voltar, tanto é que, quando eleito, eu tive 3.537 votos. Quando eu tentei a reeleição, em função desses problemas, é lógico que causou um desgaste muito grande, mas não foi de uma maneira muito assustadora. Eu tive uma perda de mil votos apenas, ou seja, os meus amigos souberam separar que o Pardal não tinha ligação nenhuma com aquelas situações que foram criadas. Tive ainda, naquela oportunidade, 2.500 votos, mas não consegui me reeleger. Acho que pagamos todos nós por isso, foi uma penalidade. Continuei trabalhando novamente e consegui agora, a partir de 2012, o meu segundo mandato com 2.789 votos e a possibilidade de representar com dignidade conforme sempre fiz.

 PARDAL CITAÇÃO CERTA

O senhor costuma ter a imagem atrelada à do empresariado. Até que ponto essa associação é algo positivo, já que na visão dos sindicatos, esse comportamento poderia favorecer as classes patronais e não os trabalhadores?

Respeitando o que você está perguntando, vou responder. Segmentos, seja ele patronal, empresarial, sindical, todo esse trabalho tem que ser buscado para dar atenção a todos os setores que são pedidos, seja ele qual for. Eu estou sempre pronto para poder ouvir, que é o nosso papel (…). Não tem essa preferência para poder atender este ou aquele. Enfim, eu quero estar sempre pronto para todas as pessoas para qualquer que seja o seu objetivo desde que seja sempre para fazer as coisas legais, pois é o que eu sempre faço.

Qual é a opinião do senhor em relação a homossexualidade e ao aborto? É a favor ou contra as leis que tratam de tais assuntos?

São casos muito pontuais. Eu acho que eu nunca vou falar que sou favorável ao aborto. Uma mulher que é estuprada, por exemplo, passando por algum local e daí vem um cidadão delinquente, totalmente insensível, porque mulher nunca deve fazer isso dessa forma, nem a força em qualquer sentido, e ele por um determinado momento de total falta de lucidez ataca essa moça, que ele não tem relacionamento amoroso nenhum, aí entra uma pergunta: se esse estupro gera uma criança que é uma vida, como faz com essa criança que não tem culpa nenhuma desse ato dessa pessoa? Vai tirar essa vida, vai abortar? É uma coisa muito difícil a gente poder falar, eu sou sempre a favor da vida, sou sempre a favor da paz, então eu acho que é uma situação que depende muito do Judiciário. Quem vai ter a capacidade de fazer um julgamento dessa natureza é o juiz. E que ele possa ter essa sensibilidade de avaliar que, acima de todo esse desgaste que a mulher vai passar, tem uma vida ali que precisa ser preservada. Relacionamento do mesmo sexo, eu também não tenho nada contra. Porém, eu construí a minha família, eu tenho a minha mulher e duas filhas. Acho eu, com certeza, que esse é o trajeto mais normal para esse sedimento familiar. Mas, desde que um casal com o mesmo sexo tenha respeitabilidade, amor entre si e possa fazer com que a coisa evolua sempre para o bem, resguardando talvez os locais para que esse amor possa florescer, pois precisa ser feito em um local mais reservado, eu não tenho nada contra essas pessoas. Porém, entendo também que para proliferar essa humanidade nossa que é muito bacana, existe um relacionamento que é aquele mais conveniente: “homem + mulher = filhos”.