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Juiz de Fora passa a ter cinco representantes na ALMG a partir de 2015

Por Antonione Grassano e Vívia Lima*

Deputados estaduais eleitos dizem o que esperar de seus mandatos; confira também quem assume as vagas dos vereadores que deixarão o Palácio Barbosa Lima

Dos 26 novos integrantes da (ALMG), quatro serão de Juiz de Fora. Antônio Jorge (PPS), Isauro Calais (PMN), Noraldino Júnior (PSC) e Missionário Márcio Santiago (PTB). Lafayette Andrada (PSDB) foi reeleito e completa o número de deputados oriundos da cidade. A partir do ano que vem, a representatividade juiz-forana, que antes era de dois deputados, fica maior. Leonardo Moreira (PSDB), que não conseguiu outro mandato, compunha a bancada com Lafayette e Bruno Siqueira (PMDB), que deixou o cargo quando assumiu a Prefeitura de Juiz de Fora.

O deputado reeleito Lafayette Andrada conversou com o blog inFormação e repercutiu a sua terceira vitória na disputa por vaga na ALMG, agradecendo os votos confiados a ele. “Estou muito feliz pelo reconhecimento de todos os eleitores. Agora, eles podem contar com mais quatro anos de trabalho pautado no comprometimento, esforço, e, principalmente, espírito público.”

Já o vereador Isauro Calais, que se elegeu após quatro candidaturas, reafirmou seu compromisso com a cidade de Juiz de Fora. Ele destacou a oportunidade de ter exercido o mandato como vereador por cinco vezes. Acrescentou que vai fazer a cidade e a Zona da Mata reconhecidas em todo o estado. Para o mandato na ALMG, ele garante que “a região precisa de investimento na segurança e na saúde”, e vai trabalhar “para que a cidade se desenvolva como no passado”.

Noraldino Júnior é outro vereador que conquistou uma cadeira, tendo sido o candidato mais votado em Juiz de Fora para o Legislativo estadual. Ele diz que a eleição foi resultado de seu trabalho e garante estar a serviço da sociedade. Ser o deputado estadual mais votado de Juiz de Fora foi um presente. É uma grande honra, mas também uma enorme responsabilidade. Sinto que fui escolhido para ser um empregado da população.”

O deputado eleito Missionário Márcio Santiago afirma que pretende trabalhar de forma articulada com os outros eleitos da cidade e com o prefeito Bruno Siqueira. “Precisamos aproveitar que Juiz de Fora aumentou sua representatividade para trazer recursos, tanto do Poder Público quanto da iniciativa privada, para a saúde, educação e combate à criminalidade.”

A reportagem do blog inFormação não conseguiu contato com Antônio Jorge. O deputado eleito foi secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais durante o governo de Antônio Anastasia.

Nova composição na Câmara dos Vereadores

Com a eleição de dois vereadores de Juiz de Fora para a representação na ALMG, a composição do Palácio Barbosa Lima fica alterada a partir de janeiro de 2015. O sindicalista e ex- vereador José Emanuel (PSC), que já cumpriu dois mandatos, entra na vaga de Noraldino Júnior, e o radialista Léo de Oliveira (PMN), herda a cadeira de Isauro Calais.

Deputados eleitos não devem ser vereadores estaduais”


Apesar de ser a quarta cidade mais populosa do estado, uma das maiores queixas no meio político local era a baixa representatividade na ALMG. Na última campanha, partidos e outras entidades encorajaram o voto em candidatos oriundos do município. A estratégia parece ter funcionado. O resultado assinalou a maior bancada de Juiz de Fora na ALMG desde as eleições de 2002.

Apesar do aumento significativo da representatividade, o cientista político Paulo Roberto Figueira Leal afirma que o desafio aos eleitos será romper os limites da região. “Para a assembleia estadual, as expressões de voto dos candidatos de Juiz de Fora foram muito paroquiais. É importante que os eleitos saibam defender não apenas os interesses municipais, mas os interesses de todo o estado”. De acordo com Figueira Leal, os “candidatos eleitos não podem atuar apenas como ‘vereadores estaduais’. É importante que eles consigam levar as demandas regionais ao estado, mas também mirando a política do estado como um todo.”

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*Colaboraram Gustavo Fonseca, Kaio Lara, Nayara Rodrigues e Talita Balzo 

‘A população não quer mais projetos, ela quer ação’

Por Vívia Lima

ENTREVISTA HITLER VAGNER DE OLIVEIRA (PR), candidato a deputado estadual

Hitler Vagner diz querer ser um elo entre Juiz de Fora e o governo de Minas
Hitler Vagner diz que sociedade não aguenta mais leis (Foto: Vívia Lima)

“Pode entrar, fique à vontade, menina.” Com um de atraso de 40 minutos, o candidato a deputado estadual pelo Partido da República (PR) Hitler Vagner Cândido de Oliveira nos recebeu em seu pequeno gabinete, com um sorriso largo, roupa e cabelo extremamente arrumados. Muito à vontade, o candidato ofereceu água para tentar amenizar o calor daquela manhã de terça-feira, 23 de setembro, e iniciar a entrevista. Aos 45 anos de idade, formado em técnica em contabilidade, Hitler Vagner foi prefeito de Chácara e atualmente é vereador de Juiz de Fora. Foi vereador de Chácara de 2001 a 2004 e prefeito de 2005 a 2008, sendo reeleito para o mandato de 2009 e 2012, do qual se descompatibilizou para disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Juiz de Fora. Renunciou em 30 de março de 2012 a cargo na cidade vizinha e foi eleito vereador para o mandato 2013/2016. O candidato, que não é a favor de projetos de lei, mas sim de “ações”, já presidiu o conselho de prefeitos da Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) e a Associação dos Municípios do Vale do Paraibuna (Ampar), além de ter sido diretor da Associação Mineira dos Municípios (AMM).

inFormação – O que levou o senhor a ingressar na política?

Hitler Vagner – O que me levou a ingressar na vida pública foi acreditar que poderíamos fazer algo para a sociedade. E os amigos mais próximos me ajudaram a fortalecer para fazer algo que beneficie a sociedade.

Na visão do senhor, qual é a função de um deputado estadual?

Hoje falo o seguinte, nós que somos candidatos, se eleitos, temos uma obrigação muito grande com nossa Zona da Mata, em especial com Juiz de Fora. Hoje vemos que a cidade está sem representatividade depois da saída (da Assembleia Legislativa) do prefeito Bruno (Siqueira). Então, nós temos que olhar nossa região e buscar recursos para cá, pois tivemos uma evasão muito grande de fábricas e indústrias que acabaram tendo mais incentivo de outros estados e deixaram a cidade. Os políticos não procuraram manter as empresas pequenas que já aqui estavam, e trouxeram outras maiores, que não ficaram aqui, e se estão, não tem amor a terra. Temos que valorizar o pequeno empresário da cidade. Vamos ter uma linha direcionada ao pequeno empreendedor para valorizar a região e esse sim tem amor a nossa terra.

Para o senhor, qual a importância de se ter uma cadeira da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ocupada por um candidato de Juiz de Fora?

Hoje, se tiver um representante na Assembleia, a cidade terá em torno de R$4 milhões, se ficar de braços cruzados, se for um deputado apagado. Se deixarmos de eleger um deputado da nossa região, vamos jogar fora esse valor. Em quatro anos, ele traz para a cidade R$16 milhões. Se for um deputado atuante, que possa buscar mais fontes de recursos e incentivo para nossa região, ele pode fazer isso virar R$ 20 milhões ou mais.

Mas, caso eleito, pretende ser esse deputado apagado?

Olha, Vívia, vou dizer para você o seguinte, aquele político que entra para ficar de braço cruzado não chega a lugar algum. Eu dedico minha vida à política. Se fui vereador em Chácara, depois prefeito, onde iniciei a obra na escola e agora sou vereador aqui (Juiz de Fora), é porque temos compromisso com a cidade e com a comunidade que estou representando. Estou aqui há um ano e oito meses. Eu sou muito realizado com minha trajetória política. Projetos eu não tenho, mas procuro trazer e realizar projetos que ajudem a comunidade. Neste tempo, eu procurei trabalhar com a comunidade Filgueiras, um bairro de Juiz de Fora onde conseguimos implantar, junto com o deputado Júlio Delgado e com o prefeito Bruno Siqueira, uma torre de celular. Buscamos R$880 mil com uma emenda parlamentar para recapear a estrada de Filgueiras a Juiz de Fora. Esse recurso veio para a Prefeitura, e poderia aplicar esse valor em outro lugar, mas o Bruno nos escutou. Na escola dessa comunidade está sendo feito um vestiário no campo de futebol no valor de R$38 mil. Conseguimos um recurso de 96 mil para iluminar o canteiro central de Filgueiras, no patamar da avenida Rio Branco. Utilizamos um recurso, que já existia na Prefeitura, para aplicar na construção de uma quadra ao lado da escola. Cobramos da Prefeitura e conseguimos. Você fala pra mim: Vagner, porque você apostou tudo em Filgueiras? Eu cheguei aqui vereador. Sei a diferença de um vereador para um cargo executivo. Precisei apostar em um lugar para que meu trabalho pudesse destacar. Se eu ficasse solto em Juiz de Fora, não apareceria. Então apostei todos os esforços em um lugar que fui majoritário. Me trouxeram até aqui, cabia a mim retribuir.

Candidato, o senhor fala desse olhar para a comunidade, do investimento na escola de Chácara e de Juiz de Fora. A construção de espaços de ensino com a infraestrutura adequada não deveria ser algo comum, que todo chefe do Executivo deveria privilegiar? Por que isso é considerado um diferencial?

Quando prefeito (em Chácara) tinha um plano de governo que era construir essa escola. Eu precisava pelo menos levantar essa obra para que só assim pudesse concretizar minha vontade. E me via terminar o mandato sem cumprir isso. Como lá temos o projeto de escola integral, precisávamos tornar esse ambiente mais agradável, afinal ninguém fica na escola lendo o dia todo. Conseguimos reeleger nosso candidato. Nossa ousadia foi cancelar todos os eventos para terminar essa obra. Nós, políticos, temos a obrigação de corresponder a ansiedade do cidadão que deposita a confiança em nós.

Por terem a obrigação, o senhor não acha que isso não é nada mais que o cumprimento das promessas de campanha?

Claro, exatamente. Eu concordo com você que nós temos essa obrigação. Eu falo que quando uso a tribuna desta Casa (Câmara dos Vereadores), eu penso muito, pois tenho que encarar esse cidadão no espelho, e este cidadão sou eu mesmo. Eu tenho que me orgulhar das minhas atitudes.

O senhor falou anteriormente de compromisso com a sociedade. Quais são suas principais propostas?

Buscar recurso para nossa cidade e ser um elo entre ela e o estado, para que os municípios tenham algum representante que possa chegar ao governo do estado para atingir nossas metas.

E como o senhor pretende alcançar isso?

Através de projetos que o próprio governo do estado tenha implantado.

Já existe algum plano que o senhor se interessou?

Olha, eu ainda não me filiei a nenhum candidato. Nenhum candidato de partido coligado me chamou para conversar. Eu não posso influenciar a comunidade a votar antes de ter um respaldo deles. Preciso sentar com eles para definir meu apoio e só assim cobrar. O compromisso é o meu com a sociedade.

Mas a eleição já bate à nossa porta. O senhor acha que até a data, já tenha definido seu apoio, até lá o senhor ainda consegue conversar com algum deles? O senhor não deveria estudar isso?

Eu esperei isso até agora, Vívia. Talvez se eu já tivesse tido essa reunião eu estaria comprometendo parte do meu eleitorado. Preciso tomar essa decisão, mas para isso, é necessário convicção.

O senhor acha que vai haver tempo hábil para que de hoje até a data da eleição, o senhor decida em quem votar?

A população está indecisa, falo por mim, que sou candidato. Olha a insegurança. Imagina a população que está mais distante? Isso é o cenário que estamos vivendo no Brasil, isso porque os políticos estão distantes da sociedade. Temos que nos fazer presentes.

O senhor consegue se fazer presente?

Acredito que sim, senão não chegaria até aqui.

E de que forma o senhor se faz presente?

Participando dela, ouvindo as reivindicações e realizando obras. Caso não estivéssemos antenados à sociedade, não conseguiríamos realizar tais coisas.

O senhor considera que tenha elaborado algum projeto de destaque na cidade que poderia ser estendido para o estado de Minas?

Os projetos que você fala são projetos de lei? Eu ainda não apresentei projeto a essa extensão. A sociedade não aguenta mais leis. Se cumpríssemos apenas a Constituição não precisava mais de projetos. Pois nela tem tudo: segurança, estudo, lazer, e o próprio governo coloca em prática. A população quer ação. Ela não elegeu o Vagner para criar leis, e sim ver as necessidades e auxiliar o Executivo nas suas ações. A sociedade cansou de papel. Temos um projeto aprovado recentemente, um de proibir de jogar lixo na rua, mas não têm lixeiras. Para isso, precisa-se do recurso. Varinha de condão não coloca lixeira. Temos que sair do gabinete para mostrar os problemas ao Executivo. Não podemos mais ficar assentados dentro de gabinete. Estamos usando os meios de comunicação para mandar fotos e constatações de problemas nas ruas de cidade.

E se eu fizer a pergunta: que projetos estariam dentro da sua visão estratégica para a região, o senhor tem algum em mente?

Eu sofri na pele o que é não saber em quem bater na porta. Eu quero ser o elo para chegar ao governo do estado e ao federal.10519234_719620294742457_1202466093_n

Se fosse eleito hoje e amanhã pudesse apresentar dois projetos de lei, quais seriam as suas prioridades? Explique por que são importantes e quais setores da sociedade seriam beneficiados.

Dois projetos que poderia lutar seria expandir a comunicação, para que toda a sociedade tenha internet para se comunicar. Esse seria o mais ousado. Comunicação naquela pequena comunidade, para que possa estar ligando a região ao país e ao mundo. A pessoa que tem celular, tem entretenimento, saúde, segurança, pois vai ligar para o socorro, ligar para a polícia. Dentro de Juiz de Fora temos essa carência. Outro (projeto) que pretendo é trabalhar com a pecuária, para atender produtor rural – ele precisa ser mais valorizado. Temos que assegurar o homem do campo. Hoje o homem está voltando para a zona rural, eles veem a propriedade como fonte lucrativa, como empreendimento. Investir em incentivos para aumentar a renda. Essas são as maiores demandas da sociedade.

O senhor está quase na metade de seu mandato de vereador, e este ano teve apenas três projetos de lei que foram encaminhados ao Executivo, sendo estes solicitando mudança em nome de praça, mudança de nome de rua, além de concessão de título de cidadã benemérita à senhora Cristina Maria Ribeiro Pinto. Quais as dificuldades encontradas pelo senhor em elaborar leis que atendam às demandas da população?

Olha, Vívia, volto a falar, a sociedade está cansada da elaboração de projetos. Ela quer ação. Se pegar no arquivo, são excelentes projetos, mas na hora da prática eles não funcionam. Quero levantar as demandas e ter fatos concretos. Nossa função é fiscalizar e legislar. A população quer chegar ao hospital e ser atendida. Precisamos investir no pessoal no hospital. Mas as ambulâncias fazem propagandas, elas que circulam nas ruas, e dentro do hospital ninguém vê.

O senhor bate na tecla que a população quer ação. Como esses projetos que o senhor elaborou mudam a vida da sociedade?

Esses projetos foram apenas resultado daquilo que a sociedade pede. Resultado de abaixo-assinado.

Mas a sociedade também apresenta pedidos sobre saúde, educação, segurança e afins? Eles são atendidos?

Sim, mas são funções do Executivo.

E as demandas que vêm da sociedade, o senhor passa para o Executivo? É atendido?

O prefeito tem sido grande parceiro das nossas reivindicações. Sempre que possível, ele nos atende.

Mesmo sem a elaboração de leis, o senhor gastou, de janeiro a julho deste ano, R$ 42.383,52 com verba indenizatória? Como explica esses gastos, mesmo sem a elaboração de projetos de destaque.

Mas ai é que está. Nós precisamos da consultoria jurídica para analisar as contas do Executivo anterior e atual. Ela me dá esse amparo na hora que voto em algum projeto. Temos também combustível, pois meu pessoal está nas comunidades levantando as demandas. Hoje eu me sinto convicto de um trabalho sério e esse gasto faz parte do meu compromisso com a comunidade.

O senhor tem equipe espalhada pelas ruas?

Temos uma equipe que trabalha no gabinete, são dois funcionários que, vez ou outra, fica pelas ruas dos bairros e pela região central levantando os problemas.

O senhor não acha que esse valor é muito alto e que poderia ser empregado noutro lugar?

Não, pelo trabalho que a gente apresenta. Só assim consigo apresentar os problemas e não fico assentado aqui no gabinete.

Candidato, vamos mudar completamente de assunto. O senhor sente-se constrangido de alguma forma por ter Hitler no nome? Nota-se que o senhor não usou muito o primeiro nome nas últimas eleições e agora ele aparece mais no material de campanha. Por quê?

Não, tanto é que o lancei para esta campanha.Todos me conheciam como Vagner ex-prefeito de Chácara. Ano passado foi aprovada uma lei que não poderia mais vincular o nome a repartições e cargos públicos. Tendo essa proibição, resolvi lançar meu nome completo, até mesmo para dar rima. As pessoas até disseram que o Hitler iria me comprometer, mas acreditei que não. Se assim fosse, ninguém poderia chamar Fernando por causa do Fernandinho Beira mar, quantos Jesus temos por aí. O Hitler provoca o olhar, chama a atenção do povo. “- Quem é o Hitler?” “- Ele é ex-prefeito de Chácara e vereador de Juiz de Fora”. “- Ah!” Esse “ah!”‘, ele é incrível, ele acompanha minha campanha. Foi uma ousadia da nossa parte. Meu pai chamava Hitler, minha mãe fez essa homenagem a ele. No meu tempo de escola sempre me chamaram de Vagner. Eu senti que o momento do Hitler era agora.

Há três dias do pleito, Aécio vem à cidade pela primeira vez

Por Vívia Lima

Em entrevista coletiva, Marcus Pestana, Aécio Neves, Giovane Gávio e Pimenta da Veiga . (Foto: Vívia Lima)

Com aparência cansada, o candidato à Presidência da República pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Aécio Neves, rendeu-se e veio à Juiz de Fora, pela primeira vez nesta campanha, na última quarta-feira, 1º de outubro, às vésperas da eleição. A candidata Marina Silva (PSB) esteve na cidade por duas vezes e entre os três líderes na disputa apenas a atual presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), não realizou campanha na cidade.   

Antes de falar com os jornalistas, o candidato tirou algumas fotos com pessoas que o esperaram por uma hora e meia a sua chegada no saguão do Aeroporto  Francisco Álvares de Assis (Serrinha). O desembarque estava marcado para 14h, no entanto, o candidato chegou à cidade somente às 15h35. A cada vez que a porta de desembarque se abria, podia- se observar a expectativa pela chegada de Aécio no rosto dos partidários que o aguardavam.

Na comitiva estiveram presentes os correligionários, como o candidato ao Governo de Minas, Pimenta da Veiga, o candidato ao Senado Antônio Anastasia, e os postulantes a deputado federal Giovane Gávio  e Marcus Pestana, além de Lafayette Andrada (PSDB), que pretende continuar ocupando uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Com um rápido “boa tarde”, Aécio iniciou dizendo que iria mandar investigar os Correios, por não cumprirem seu papel de levar o material de sua campanha ao estado de Minas Gerais, o que, segundo ele, coloca a então presidente Dilma Rouseff em vantagem nas pesquisas. O candidato afirmou que o atual governo usou a empresa como instrumento de campanha e que vai pedir investigação junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ele disse que fará denúncia de abuso de poder político ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsabilizando o presidente da estatal Wagner Pinheiro. “Investigamos a denúncia e vimos que os Correios não entregaram nossa correspondência de campanha em Minas Gerais, é inimaginável colocar uma empresa a serviço de uma campanha eleitoral do PT, isso é apropriação”, acusou.

Educação regionalizada

O tucano respondeu a três perguntas dos jornalistas e atacou o governo do PT afirmando que, se for eleito, o Brasil terá um novo modelo de escola, que valorize o professor com currículos regionalizados o que possibilitará aos alunos o ensino específico para a região onde vivem. Prometeu uma política fiscal transparente e afirmou que irá qualificar para o mercado de trabalho 20 milhões de brasileiros que completaram os ensinos fundamental e médio. Aécio ressaltou que tais políticas só poderão ser efetivadas se sua equipe de governo, composta também por Anastasia e Pimenta da Veiga, for eleita. Reiterou sua convicção em disputar o segundo turno, sempre atacando seus adversários com críticas ao atual modelo de gestão e reafirmando a confiança nos mineiros nesta reta final das eleições. Aécio Neves segue em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.

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Pimenta da Veiga diz que “Minas vai crescer a níveis superiores” (Foto: Vívia Lima)

Minas Gerais

Com intenção de chegar ao Palácio Tiradentes, o candidato ao Governo de Minas Pimenta da Veiga, disse que pretende olhar com mais cuidado as questões econômicas da Zona da Mata. Para ele, o estado precisa recuperar e abrir crédito para melhorar a infraestrutura. “Minas deve crescer a níveis superiores aos atingidos nos últimos anos.” Com essa frase ele não deixa Anastasia em maus lençóis. Afinal, as pesquisas vêm mostrando estagnação no crescimento do estado.

Outro ponto que Pimenta se mostrou preocupado é em relação à violência. Ele classificou de grave o problema enfrentado pelo estado. “Minas Gerais ocupa a 23ª posição no ranking dos estados mais violentos, precisamos investir na segurança das fronteiras para que armas e drogas não entrem no país.” O candidato criticou o governo dizendo que o PT não fiscaliza as fronteiras, e não investe em policiais, o que possibilita a livre entrada desse material e faz crescer a criminalidade. Segundo ele a solução é um policiamento ostensivo e munir a polícia de tecnologia que a ajude fortalecer a fronteira.

Esporte como base

Em entrevista ao blog informação, Giovane Gávio, candidato a deputado Federal prometeu investir na educação e no esporte. Para o ex-jogador de vôlei, essas são as bases para um país melhor e mais digno. Ele dispara dizendo que os índices mostram que até o ano de 2020 a maioria da população tende a ser obesa. “Não adianta colocar tantas academias ao ar livre nos locais se não tiver pessoas que instruam. Não podemos permitir que o país atinja estes índices” Giovane garante que o esporte ajuda a tirar das ruas milhares de crianças e jovens envolvidos com drogas. “Precisamos incentivar o esporte e fazer do Brasil um lugar melhor para viver.”

Após a coletiva, os candidatos seguiram junto a seus correligionários para o Centro de Juiz de Fora, onde seguiu em carreata.

VEREADORES CANDIDATOS À ALMG DEBATEM PROPOSTAS COM ESTUDANTES

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Candidatos debatem questões levantadas pelo público e apresentam propostas no Vianna Júnior

Os vereadores de Juiz de Fora que disputam vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) participaram, na noite desta quinta-feira (11), de um debate promovido pela Consultoria Júnior da Faculdade de Direito do Vianna Júnior. O evento contou com a presença de cinco dos seis candidatos: Isauro Calais (PMN), Luiz Otávio Fernandes Coelho (Pardal-PTC), Noraldino Júnior (PSC), Roberto Cupolillo (Betão-PT) e Wanderson Castelar (PT), que apresentaram propostas e discutiram questões levantadas pela mesa organizadora. O candidato Vagner de Oliveira (PR) não compareceu devido a compromissos de campanha.

Dentre os assuntos discutidos, teve destaque a questão da reforma política, defendida com convicção pelos vereadores Betão e Isauro Calais, que enfatizaram algumas das mudanças que consideram mais urgentes. Betão defende o fim do financiamento privado das campanhas e a extinção do Senado, definido por ele como “reflexo das políticas oligárquicas responsáveis por dificultar a aprovação de leis que ampliem os direitos da classe trabalhadora”. Para Isauro, os principais pontos a serem discutidos são a diminuição do número de partidos, o fim do mandato de oito anos e da suplência para senadores. Os demais candidatos reforçaram a importância de recuperar a credibilidade das instituições políticas perante os eleitores.

Perguntados sobre propostas para Juiz de Fora e Zona da Mata, os candidatos focaram no empobrecimento da região nos últimos anos e na necessidade de desenvolvimento da indústria  para geração de empregos. Além disso, Isauro lamentou a falta de representatividade de Juiz de Fora na ALMG. “A cidade não elegeu nenhum deputado estadual nas últimas eleições, ficando atrás de municípios de menor porte, como Muriaé e Montes Claros.” O vereador desconsiderou a presença de Leonardo Moreira (PSDB) – candidato à reeleição – na Assembleia. Pardal defendeu a implementação de tecnologia nas empresas como forma de estimular o desenvolvimento.

O debate também garantiu espaço para perguntas específicas alinhadas com as propostas de cada candidato, sendo a questão direcionada ao vereador Noraldino a mais polêmica delas. Questionado sobre o projeto de lei que pretendia instaurar no calendário municipal o “dia do nascituro”, Noraldino foi evasivo e evitou se posicionar sobre a questão do aborto, limitando-se a afirmar sua opinião favorável à legislação em vigor.  Quando perguntado sobre segurança pública, Castelar destacou a importância de colocar policiais nas ruas para garantir a tranquilidade da população e afirmou que para resolver a violência, deve-se haver uma parceria entre a cidade, o estado e o país.

Os candidatos reafirmaram o enfoque das campanhas durante as considerações finais e o público presente teve a oportunidade de abordar assuntos como segurança pública, questões tributárias e educação.

‘Contar fatos com almofadas linguísticas’

ENTREVISTA COM VASCO RIBEIRO, assessor de comunicação professor da Universidade do Porto

Por Vívia Lima

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Vasco Ribeiro explica que o assessor precisa embrulhar os fatos de forma que seja mais apetecível (Foto: Vívia Lima)

O professor português Vasco Ribeiro foi diretor de imprensa do Metrô do Porto e da Universidade do Porto e atualmente leciona na mesma instituição. Ele é o autor do livro “Fontes Sofisticadas de Informação”. Tem publicado vários artigos acadêmicos e científicos na área de fontes de informação e marketing político. Também foi coordenador da Sala de Imprensa do Partido Socialista, tendo participado e coordenado várias campanhas políticas. Iniciou sua carreira profissional em comunicação na assessoria de imprensa para Jovens Empreendedores da Associação Nacional em 1996. Em visita à Faculdade de Comunicação Social da UFJF para minicursos e palestras, o professor concedeu entrevista ao blog inFormação e falou sobre mercado de trabalho na área de assessoria e comunicação organizacional.

inFormação – Qual a principal diferença do mercado português para o brasileiro, no que tange a assessoria de imprensa?

Vasco Ribeiro – Em Portugal, assessor não pode ser jornalista, isso é ilegal. O jornalista precisa ser objetivo, e não promover alguém. Precisa criar narrativas verdadeiras. Já o assessor precisa apresentar, rotular e embrulhar os fatos de forma que seja mais apetecível. Lá, quando se trabalha como assessor, deve-se entregar a carteira de jornalista. São cargos completamente diferentes. Assessores são assessores, e jornalistas apenas jornalistas, é como se fosse água e vinho. Em Portugal, jornalista não pode ter nenhuma atividade promocional de assessoria ou até mesmo publicidade.

Como os profissionais portugueses entendem este cenário de jornalismo versus assessoria, uma vez que alguns jornalistas migram para assessorias, principalmente em ano eleitoral?

Há grande tráfico de jornalistas que atuam em cobertura política para assessorias de imprensa. Afinal, durante as campanhas, são convidados para assessorar os candidatos. Depois do fim do mandato, eles voltam a “ser jornalistas”. Sou a favor de um período de luto. Serviu a um político, depois de “X” anos não pode escrever sobre política. Pode escrever sobre passarinhos, ambiente, qualquer coisa, menos política.

Como se daria esse processo em que, o jornalista precisa desse tempo para se “desintoxicar” da assessoria política?

Acho que esse tempo deve ser instituído por lei. Só assim, por meio de determinações oficiais, haverá a separação das duas atividades. Para isso, são necessárias padronizações.

Neste momento em que as redes sociais configuram um novo modo de passar informação, como o trabalho do assessor foi influenciado? O que mudou? Mudou como?

Eu não sei como, gostaria de ter essa resposta. Mas tenho certeza que mudou. Antes, assessores eram convidados para organizar eventos. Atualmente, para se lançar um livro, criar uma festa, basta criar um evento no Facebook convidando todos os seus amigos e a informação se propaga. Neste cenário, o assessor perde seu papel hegemônico para dar lugar às páginas na internet. Isso enfraquece o trabalho das assessorias. Ninguém entendia nada de comunicação, hoje os likes (curtidas) são o termômetro para um evento dar certo ou não. Com a facilidade de propagar informações verdadeiras e falsas, existe sempre a possibilidade da existência de crises nas redes sociais. Isso me cria uma inquietação. E aí, o que fazer?

O que fazer para controlar as crises causadas pelas redes sociais? É possível controlar?

Devemos agir sobre os quatro pilares de controle de crise. A primeira coisa a se fazer é antecipar a crise, eu prefiro contar a verdade, mas contar com “almofadas linguísticas” de imagem (eufemismos) para não ter impactos muito fortes. Se for o adversário, ele vai ampliar os meus erros. E para isso, precisa ser extremamente ágil, ter qualidade informativa, ser rigoroso, dinâmico, preciso na informação, e criar vários canais para diminuir os efeitos, além de lançar notícias que tranquilizem quem está do outro lado. Ninguém pode dizer, “eu acho que…”, “eu penso que…”. As pessoas não toleram a mentira, e nessas situações de comunicação de crise, todos estão muito sensíveis. Antecipação, qualidade informativa, agilidade e verdade diminuem os efeitos dos problemas.

Na sua visão, como Marina Silva deve continuar na campanha sem tornar a morte de Eduardo Campos algo apelativo?

Eles estão tornando o falecimento do Eduardo apelativo. Morte talvez seja o assunto de maior apelo emocional, ninguém gosta de falar. Ainda continua sendo um grande tabu. Com certeza, o falecimento dele irá influenciar no resultado das eleições.

Que dicas você dá para os profissionais que estão ingressando agora no mercado?

Ser criativos, não ficar focados apenas nos manuais. Nas universidades, aprende-se por teoria, mas para aprender é só fazendo, a teoria é a base para dar segurança ao profissional. Os assessores novos precisam ver as coisas com simplicidade e aprender que os releases que aprendem nas escolas, inclusive nas minhas aulas, talvez não sejam o melhor modelo. Precisam buscar novas ideias.

Muitos alunos saem da UFJF para fazer intercâmbio em Portugal. Quanto à formação, como é o retorno deles ao Brasil?

Fazem contato com pessoas e professores diferentes, os portugueses são mais formais. Do ponto de vista do conhecimento, eu sinceramente não acho tanta diferença, pois utilizo manuais brasileiros, mas há vivências diferentes. Quando regressam voltam com uma bagagem cultural superior, com acréscimo tanto acadêmico quanto cultural.