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‘A população não quer mais projetos, ela quer ação’

Por Vívia Lima

ENTREVISTA HITLER VAGNER DE OLIVEIRA (PR), candidato a deputado estadual

Hitler Vagner diz querer ser um elo entre Juiz de Fora e o governo de Minas
Hitler Vagner diz que sociedade não aguenta mais leis (Foto: Vívia Lima)

“Pode entrar, fique à vontade, menina.” Com um de atraso de 40 minutos, o candidato a deputado estadual pelo Partido da República (PR) Hitler Vagner Cândido de Oliveira nos recebeu em seu pequeno gabinete, com um sorriso largo, roupa e cabelo extremamente arrumados. Muito à vontade, o candidato ofereceu água para tentar amenizar o calor daquela manhã de terça-feira, 23 de setembro, e iniciar a entrevista. Aos 45 anos de idade, formado em técnica em contabilidade, Hitler Vagner foi prefeito de Chácara e atualmente é vereador de Juiz de Fora. Foi vereador de Chácara de 2001 a 2004 e prefeito de 2005 a 2008, sendo reeleito para o mandato de 2009 e 2012, do qual se descompatibilizou para disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Juiz de Fora. Renunciou em 30 de março de 2012 a cargo na cidade vizinha e foi eleito vereador para o mandato 2013/2016. O candidato, que não é a favor de projetos de lei, mas sim de “ações”, já presidiu o conselho de prefeitos da Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes) e a Associação dos Municípios do Vale do Paraibuna (Ampar), além de ter sido diretor da Associação Mineira dos Municípios (AMM).

inFormação – O que levou o senhor a ingressar na política?

Hitler Vagner – O que me levou a ingressar na vida pública foi acreditar que poderíamos fazer algo para a sociedade. E os amigos mais próximos me ajudaram a fortalecer para fazer algo que beneficie a sociedade.

Na visão do senhor, qual é a função de um deputado estadual?

Hoje falo o seguinte, nós que somos candidatos, se eleitos, temos uma obrigação muito grande com nossa Zona da Mata, em especial com Juiz de Fora. Hoje vemos que a cidade está sem representatividade depois da saída (da Assembleia Legislativa) do prefeito Bruno (Siqueira). Então, nós temos que olhar nossa região e buscar recursos para cá, pois tivemos uma evasão muito grande de fábricas e indústrias que acabaram tendo mais incentivo de outros estados e deixaram a cidade. Os políticos não procuraram manter as empresas pequenas que já aqui estavam, e trouxeram outras maiores, que não ficaram aqui, e se estão, não tem amor a terra. Temos que valorizar o pequeno empresário da cidade. Vamos ter uma linha direcionada ao pequeno empreendedor para valorizar a região e esse sim tem amor a nossa terra.

Para o senhor, qual a importância de se ter uma cadeira da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ocupada por um candidato de Juiz de Fora?

Hoje, se tiver um representante na Assembleia, a cidade terá em torno de R$4 milhões, se ficar de braços cruzados, se for um deputado apagado. Se deixarmos de eleger um deputado da nossa região, vamos jogar fora esse valor. Em quatro anos, ele traz para a cidade R$16 milhões. Se for um deputado atuante, que possa buscar mais fontes de recursos e incentivo para nossa região, ele pode fazer isso virar R$ 20 milhões ou mais.

Mas, caso eleito, pretende ser esse deputado apagado?

Olha, Vívia, vou dizer para você o seguinte, aquele político que entra para ficar de braço cruzado não chega a lugar algum. Eu dedico minha vida à política. Se fui vereador em Chácara, depois prefeito, onde iniciei a obra na escola e agora sou vereador aqui (Juiz de Fora), é porque temos compromisso com a cidade e com a comunidade que estou representando. Estou aqui há um ano e oito meses. Eu sou muito realizado com minha trajetória política. Projetos eu não tenho, mas procuro trazer e realizar projetos que ajudem a comunidade. Neste tempo, eu procurei trabalhar com a comunidade Filgueiras, um bairro de Juiz de Fora onde conseguimos implantar, junto com o deputado Júlio Delgado e com o prefeito Bruno Siqueira, uma torre de celular. Buscamos R$880 mil com uma emenda parlamentar para recapear a estrada de Filgueiras a Juiz de Fora. Esse recurso veio para a Prefeitura, e poderia aplicar esse valor em outro lugar, mas o Bruno nos escutou. Na escola dessa comunidade está sendo feito um vestiário no campo de futebol no valor de R$38 mil. Conseguimos um recurso de 96 mil para iluminar o canteiro central de Filgueiras, no patamar da avenida Rio Branco. Utilizamos um recurso, que já existia na Prefeitura, para aplicar na construção de uma quadra ao lado da escola. Cobramos da Prefeitura e conseguimos. Você fala pra mim: Vagner, porque você apostou tudo em Filgueiras? Eu cheguei aqui vereador. Sei a diferença de um vereador para um cargo executivo. Precisei apostar em um lugar para que meu trabalho pudesse destacar. Se eu ficasse solto em Juiz de Fora, não apareceria. Então apostei todos os esforços em um lugar que fui majoritário. Me trouxeram até aqui, cabia a mim retribuir.

Candidato, o senhor fala desse olhar para a comunidade, do investimento na escola de Chácara e de Juiz de Fora. A construção de espaços de ensino com a infraestrutura adequada não deveria ser algo comum, que todo chefe do Executivo deveria privilegiar? Por que isso é considerado um diferencial?

Quando prefeito (em Chácara) tinha um plano de governo que era construir essa escola. Eu precisava pelo menos levantar essa obra para que só assim pudesse concretizar minha vontade. E me via terminar o mandato sem cumprir isso. Como lá temos o projeto de escola integral, precisávamos tornar esse ambiente mais agradável, afinal ninguém fica na escola lendo o dia todo. Conseguimos reeleger nosso candidato. Nossa ousadia foi cancelar todos os eventos para terminar essa obra. Nós, políticos, temos a obrigação de corresponder a ansiedade do cidadão que deposita a confiança em nós.

Por terem a obrigação, o senhor não acha que isso não é nada mais que o cumprimento das promessas de campanha?

Claro, exatamente. Eu concordo com você que nós temos essa obrigação. Eu falo que quando uso a tribuna desta Casa (Câmara dos Vereadores), eu penso muito, pois tenho que encarar esse cidadão no espelho, e este cidadão sou eu mesmo. Eu tenho que me orgulhar das minhas atitudes.

O senhor falou anteriormente de compromisso com a sociedade. Quais são suas principais propostas?

Buscar recurso para nossa cidade e ser um elo entre ela e o estado, para que os municípios tenham algum representante que possa chegar ao governo do estado para atingir nossas metas.

E como o senhor pretende alcançar isso?

Através de projetos que o próprio governo do estado tenha implantado.

Já existe algum plano que o senhor se interessou?

Olha, eu ainda não me filiei a nenhum candidato. Nenhum candidato de partido coligado me chamou para conversar. Eu não posso influenciar a comunidade a votar antes de ter um respaldo deles. Preciso sentar com eles para definir meu apoio e só assim cobrar. O compromisso é o meu com a sociedade.

Mas a eleição já bate à nossa porta. O senhor acha que até a data, já tenha definido seu apoio, até lá o senhor ainda consegue conversar com algum deles? O senhor não deveria estudar isso?

Eu esperei isso até agora, Vívia. Talvez se eu já tivesse tido essa reunião eu estaria comprometendo parte do meu eleitorado. Preciso tomar essa decisão, mas para isso, é necessário convicção.

O senhor acha que vai haver tempo hábil para que de hoje até a data da eleição, o senhor decida em quem votar?

A população está indecisa, falo por mim, que sou candidato. Olha a insegurança. Imagina a população que está mais distante? Isso é o cenário que estamos vivendo no Brasil, isso porque os políticos estão distantes da sociedade. Temos que nos fazer presentes.

O senhor consegue se fazer presente?

Acredito que sim, senão não chegaria até aqui.

E de que forma o senhor se faz presente?

Participando dela, ouvindo as reivindicações e realizando obras. Caso não estivéssemos antenados à sociedade, não conseguiríamos realizar tais coisas.

O senhor considera que tenha elaborado algum projeto de destaque na cidade que poderia ser estendido para o estado de Minas?

Os projetos que você fala são projetos de lei? Eu ainda não apresentei projeto a essa extensão. A sociedade não aguenta mais leis. Se cumpríssemos apenas a Constituição não precisava mais de projetos. Pois nela tem tudo: segurança, estudo, lazer, e o próprio governo coloca em prática. A população quer ação. Ela não elegeu o Vagner para criar leis, e sim ver as necessidades e auxiliar o Executivo nas suas ações. A sociedade cansou de papel. Temos um projeto aprovado recentemente, um de proibir de jogar lixo na rua, mas não têm lixeiras. Para isso, precisa-se do recurso. Varinha de condão não coloca lixeira. Temos que sair do gabinete para mostrar os problemas ao Executivo. Não podemos mais ficar assentados dentro de gabinete. Estamos usando os meios de comunicação para mandar fotos e constatações de problemas nas ruas de cidade.

E se eu fizer a pergunta: que projetos estariam dentro da sua visão estratégica para a região, o senhor tem algum em mente?

Eu sofri na pele o que é não saber em quem bater na porta. Eu quero ser o elo para chegar ao governo do estado e ao federal.10519234_719620294742457_1202466093_n

Se fosse eleito hoje e amanhã pudesse apresentar dois projetos de lei, quais seriam as suas prioridades? Explique por que são importantes e quais setores da sociedade seriam beneficiados.

Dois projetos que poderia lutar seria expandir a comunicação, para que toda a sociedade tenha internet para se comunicar. Esse seria o mais ousado. Comunicação naquela pequena comunidade, para que possa estar ligando a região ao país e ao mundo. A pessoa que tem celular, tem entretenimento, saúde, segurança, pois vai ligar para o socorro, ligar para a polícia. Dentro de Juiz de Fora temos essa carência. Outro (projeto) que pretendo é trabalhar com a pecuária, para atender produtor rural – ele precisa ser mais valorizado. Temos que assegurar o homem do campo. Hoje o homem está voltando para a zona rural, eles veem a propriedade como fonte lucrativa, como empreendimento. Investir em incentivos para aumentar a renda. Essas são as maiores demandas da sociedade.

O senhor está quase na metade de seu mandato de vereador, e este ano teve apenas três projetos de lei que foram encaminhados ao Executivo, sendo estes solicitando mudança em nome de praça, mudança de nome de rua, além de concessão de título de cidadã benemérita à senhora Cristina Maria Ribeiro Pinto. Quais as dificuldades encontradas pelo senhor em elaborar leis que atendam às demandas da população?

Olha, Vívia, volto a falar, a sociedade está cansada da elaboração de projetos. Ela quer ação. Se pegar no arquivo, são excelentes projetos, mas na hora da prática eles não funcionam. Quero levantar as demandas e ter fatos concretos. Nossa função é fiscalizar e legislar. A população quer chegar ao hospital e ser atendida. Precisamos investir no pessoal no hospital. Mas as ambulâncias fazem propagandas, elas que circulam nas ruas, e dentro do hospital ninguém vê.

O senhor bate na tecla que a população quer ação. Como esses projetos que o senhor elaborou mudam a vida da sociedade?

Esses projetos foram apenas resultado daquilo que a sociedade pede. Resultado de abaixo-assinado.

Mas a sociedade também apresenta pedidos sobre saúde, educação, segurança e afins? Eles são atendidos?

Sim, mas são funções do Executivo.

E as demandas que vêm da sociedade, o senhor passa para o Executivo? É atendido?

O prefeito tem sido grande parceiro das nossas reivindicações. Sempre que possível, ele nos atende.

Mesmo sem a elaboração de leis, o senhor gastou, de janeiro a julho deste ano, R$ 42.383,52 com verba indenizatória? Como explica esses gastos, mesmo sem a elaboração de projetos de destaque.

Mas ai é que está. Nós precisamos da consultoria jurídica para analisar as contas do Executivo anterior e atual. Ela me dá esse amparo na hora que voto em algum projeto. Temos também combustível, pois meu pessoal está nas comunidades levantando as demandas. Hoje eu me sinto convicto de um trabalho sério e esse gasto faz parte do meu compromisso com a comunidade.

O senhor tem equipe espalhada pelas ruas?

Temos uma equipe que trabalha no gabinete, são dois funcionários que, vez ou outra, fica pelas ruas dos bairros e pela região central levantando os problemas.

O senhor não acha que esse valor é muito alto e que poderia ser empregado noutro lugar?

Não, pelo trabalho que a gente apresenta. Só assim consigo apresentar os problemas e não fico assentado aqui no gabinete.

Candidato, vamos mudar completamente de assunto. O senhor sente-se constrangido de alguma forma por ter Hitler no nome? Nota-se que o senhor não usou muito o primeiro nome nas últimas eleições e agora ele aparece mais no material de campanha. Por quê?

Não, tanto é que o lancei para esta campanha.Todos me conheciam como Vagner ex-prefeito de Chácara. Ano passado foi aprovada uma lei que não poderia mais vincular o nome a repartições e cargos públicos. Tendo essa proibição, resolvi lançar meu nome completo, até mesmo para dar rima. As pessoas até disseram que o Hitler iria me comprometer, mas acreditei que não. Se assim fosse, ninguém poderia chamar Fernando por causa do Fernandinho Beira mar, quantos Jesus temos por aí. O Hitler provoca o olhar, chama a atenção do povo. “- Quem é o Hitler?” “- Ele é ex-prefeito de Chácara e vereador de Juiz de Fora”. “- Ah!” Esse “ah!”‘, ele é incrível, ele acompanha minha campanha. Foi uma ousadia da nossa parte. Meu pai chamava Hitler, minha mãe fez essa homenagem a ele. No meu tempo de escola sempre me chamaram de Vagner. Eu senti que o momento do Hitler era agora.

“Se você gosta da minha atuação aqui, vai gostar da minha atuação como deputado”

ENTREVISTA COM NORALDINO JÚNIOR (PSC), candidato a deputado estadual

Por Antonione Grassano

O que te faz escolher um candidato?” Foi com essa pergunta que Noraldino Júnior (PSC), vereador de Juiz de Fora e candidato a deputado estadual, recebeu o blog inFormação. Aos 38 anos e em seu segundo mandato consecutivo na Câmara Municipal de Juiz de Fora, Noraldino Lúcio Dias Júnior valoriza o conceito de “homem público” na política. “Dá uma força aí pra gente, amigo!”, diz, abordando um caminhoneiro que espera o sinal verde, ao lado do carro em que seguíamos para o comitê de seu partido. O repórter precisou acompanhar o candidato até o comitê para conseguir entrevistá-lo. Além da aptidão para o corpo-a-corpo, Noraldino notabilizou-se na cidade pelos métodos pouco ortodoxos de fazer campanha. Não há juizforano que nunca tenha topado com um de seus famigerados bonecos, que ilustram o candidato sorrindo com o número da candidatura. A atividade nas redes sociais é outro de seus atributos. “A primeira proposta será fazer do meu mandato um canal de participação, como faço em Juiz de Fora”, pontua. Nos seis anos como vereador, Noraldino aproximou-se de setores que lutam em defesa dos animais e combate aos maus-tratos. Caracterizando-se como um político de orientação cristã, o candidato também se posiciona contra a legalização ou descriminalização da maconha e outras drogas. Nesta entrevista, além destes temas, Noraldino avalia sua passagem pela Câmara Municipal e fala sobre um eventual mandato como deputado estadual.

inFormação – O que levou o senhor a entrar na política?

Noraldino Júnior – Na realidade, desde quando eu assumi e conheci a área pública, verifiquei a necessidade de um trabalho diferenciado, um trabalho efetivo no Legislativo. O que eu via até então era um Legislativo totalmente comprometido com o Executivo, em que alguns vereadores, e isso não é denegrir a imagem, atuavam sempre servindo como interlocutores do Executivo, entre as demandas sociais e a Administração. Pouco se fazia no que diz respeito a um trabalho efetivo, que é de fiscalização, além de legislar. Então, havia essa necessidade, e também era uma área onde eu queria atuar. Eu verificava a deficiência e aí, em 2008, decidi me candidatar. Fui eleito na primeira vez que me candidatei, com 2.473 votos. Aí começamos um trabalho um pouco diferenciado. Desde o meu primeiro mandato, o principal desafio que eu tinha era mudar essa realidade entre a população e o meio político. Na minha primeira entrevista, disse que meu objetivo era fazer com que a população participasse do mandato não só em momentos políticos, mas sim durante todo o processo, todo o trabalho. E daí assumimos com este desafio: não vincular diretamente ao Executivo. Ao contrário do que muita gente pensa, o trabalho de fiscalização não é contra o prefeito ou o governador, mas a favor da população. Além disso, as avaliações da fiscalização servem de base para que o Executivo possa sanar as devidas irregularidades que às vezes nem passam pelo conhecimento da Administração. E a fiscalização não deve ser realizada só no sistema de oposição e situação, onde uma é contra tudo e outra é a favor de tudo. Por isso, acho que devemos priorizar a autonomia do Legislativo.

E agora que o senhor está tentando uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, qual é a função de um deputado estadual na sua visão?

Vou responder com uma analogia. O deputado estadual é um vereador do estado. E, eu passando para você a função de vereador, que é de fiscalizar, legislar e também de funcionar como um interlocutor entre o Executivo e as demandas da região, eu simplifico a função do deputado. E trazendo isso ao meu propósito de campanha, quero servir de interlocutor de determinada região. Eu falo sobre Juiz de Fora, pois sou nascido aqui, e pertenço à região da Zona da Mata, e essa baixa representatividade, tanto no Congresso Nacional quanto na Assembleia Legislativa, de mandatários dessa região, tem trazido um grande prejuízo, não só para a cidade quanto para toda a Zona da Mata. Então eu quero, com o meu mandato, ser também a voz de Juiz de Fora e da região no que diz respeito a essa interlocução com o Poder Executivo estadual e também, por que não, com o federal. Acho que se você quer desempenhar uma boa função, você pode extrapolar suas competências. Quando você tem uma região que é muito forte na representatividade, a força política faz dela um polo receptor de investimentos, e não digo só do Poder Público, mas também da iniciativa privada. Então, nós precisamos mandar uma mensagem de que a cidade é receptiva a investimentos. Precisamos gerar empregos, a cidade está estagnada e parte disso vem da pouca representatividade. E, na parte de fiscalização, pretendo agir da mesma forma que venho fazendo em relação à administração municipal. Uma fiscalização não necessariamente de embate, mas apurando denúncias e acompanhando a aplicação dos recursos.

E o que pretende propor em um eventual mandato de deputado estadual?

A primeira proposta é fazer do meu mandato um canal participativo, como eu faço em Juiz de Fora. A participação da população nas decisões é a grandiosidade da democracia. Quero que o eleitor perceba que, além de votar, é necessário participar, acompanhar, saber o que está acontecendo. Vou continuar utilizando de todas as ferramentas possíveis para que o eleitor tenha acesso irrestrito ao nosso mandato, dando ideias e fazendo críticas. Muitos têm uma visão negativa dessa abertura, mas, fazendo isso, o seu nível de conhecimento cresce muito, porque eu passo a adquirir outros conhecimentos e outras visões. Às vezes você não tem conhecimento de um projeto e, abrindo o mandato, você vai saber o impacto na vida deste ou daquele cidadão. E, fazendo isso, eu incentivo outros políticos a também abrirem o mandato. Temos essas ferramentas, como as redes sociais, Facebook, Twitter, e vou continuar utilizando todas.

Enquanto vereador, seu alinhamento e suas bandeiras foram as mesmas de seu partido. O senhor defendeu valores como família e combate às drogas. Caso seja eleito, pretende prosseguir nesse rumo?

É muito difícil uma pessoa defender o que não acredita, manter por muito tempo uma bandeira que não acredita. Se eu faço essa defesa, é porque eu acredito que esse é o caminho para melhorar. Acredito na concepção desses princípios, como a defesa da família, em um sentido amplo e o combate às drogas, que é um dos grandes desafios que nós temos hoje. Mas devemos mostrar que a mudança nessa realidade não vai se dar somente no quadro de segurança pública. O cidadão muitas vezes pensa que para combater as drogas tem que aumentar o efetivo de policiais. Eu acho que somente isso está muito longe de mudar essa realidade. Para isso, temos que investir em três etapas: prevenção, combate e recuperação. E isso tem que estar disposto como em uma pirâmide, onde a base é a prevenção, o meio é o combate e o final é a recuperação. O poder público ainda não vislumbrou a fórmula correta de mudar esse quadro. Pouco se investe na prevenção. No combate ainda se investe muito, porque é a resposta imediata que o cidadão quer. Aí se coloca a polícia, ela tira o usuário do lugar, coloca em outro, apreende drogas, dá mídia, ou seja, tem a resposta pública, mas não traz eficácia e não altera o quadro.

A descriminalização das drogas no Brasil vem sendo bastante debatida nessa campanha eleitoral. Qual a sua posição?

Sou contra. Não acredito que essa seja a forma de mudar o quadro.

O senhor considera que tenha elaborado algum projeto como vereador em Juiz de Fora que mereça ser levado à Assembleia?

Se você gosta da minha atuação aqui, você vai gostar da minha atuação como deputado. O que eu pretendo é apenas aprimorar, consertar as falhas. Os erros que tive como vereador e as falhas serão sanadas somente com a participação popular, com a opinião pública. Eu tenho certeza que o meu mandato será o maior canal de interação popular. Dentro das causas animais, a proteção é uma área que tem a necessidade de maior envolvimento, não só pela proteção, mas também pela questão da saúde pública. É necessário desenvolver ações, sensibilizar e mostrar ao Poder Público que é necessário criar política pública de proteção animal, controle de animais de rua e combater os maus-tratos.

O senhor já se posicionou contra o uso de animais em pesquisas. O que proporá caso integre alguma comissão que discuta o tema?

O meu posicionamento continua o mesmo. Posicionei-me contra a utilização de animais em pesquisas científicas em relação a cosméticos, não a estudos para medicamentos e para outros fins científicos.

 Uma das demandas dos protestos de junho de 2013 foi a reforma política. A respeito do tema, o senhor defendeu a postura dos eleitores de decidirem o voto baseado em candidatos, em detrimento dos partidos. Acredita que uma eventual reforma política deva reafirmar esse valor?

Em relação ao Legislativo, se você fizer um levantamento hoje e fizer uma análise fria, vai se deparar com uma triste realidade: quase a totalidade dos candidatos escolhe o partido pela possibilidade de eleição, não pela proximidade com o conteúdo ou com a ideologia do partido. Até porque, se você fizer uma leitura do estatuto de todos os partidos, você vai ver que quase todos eles são a mesma coisa. Qual partido não defende o meio ambiente? Qual partido não defende a família? As bandeiras se confundem, sobressaindo as ideias dos fundadores do partido. Existem diferenças partidárias muito grandes, mas isso não é hoje o motivo pelo qual o cidadão decide seu voto.

O senhor defenderia o fim do quociente eleitoral?

É um assunto que a gente tem que estudar. O que eu acredito é que temos que adequar a reforma política ao interesse popular. Em um debate com estudantes fiz uma pergunta. “Quem escolhe o candidato pelo partido?” Em uma plateia de mais ou menos 500 alunos, dois levantaram a mão. Isso é uma realidade. Eu te asseguro que 90% dos candidatos de Juiz de Fora fazem um estudo técnico de viabilidade de eleição por cada partido, e fazem a escolha da filiação baseada nisso. Então a fidelidade partidária, não somente do eleitor, mas também do político, deve ser discutida. Eu me posicionei contra o aumento do número de vereadores aqui. Juiz de Fora tem 19 vereadores e, sem querer criticar A ou B, um vereador aqui na cidade, se tem interesse em trabalhar, ele tem trabalho para desenvolver 24 horas por dia. Então ter mais vereadores pode significar que algum deles possa ir na Câmara só responder presença. Ele está cumprindo a função dele? Os que defendem o aumentam do número de vereadores argumentam que ia aumentar a representatividade das regiões do município. Ora, o nosso modelo eleitoral hoje não tem o voto distrital. Então pode acontecer que o resultado de uma eleição eleja 19 vereadores que morem no bairro Bairu, por exemplo. Então, um aumento no número de vereadores não garante aumento na representatividade. Além do quê, impactaria um recursos financeiros significativos. O mandato de vereador não compreende só o salário. Compreende seus assessores, a verba de gabinete, compreende todo o funcionamento da Câmara. E nós também fomos autores, juntamente a mais dois companheiros, da lei que extinguiu o 14º e 15 º salário.

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A respeito disso, o senhor defendeu o fim dos penduricalhos em seu segundo mandato. Mas no mandato anterior, o senhor não devolvia os benefícios recebidos, e foi alvo de críticas de que teria usado de oportunismo, já que desta vez havia uma grande cobrança popular. Como o senhor responde a essas críticas?

Somente um vereador devolvia.

Sim, o Wanderson Castelar.

Isso. E não era cobrança popular, o projeto já tinha extinguido. Quem entrou com o projeto fui eu, depois que o do Castelar foi derrotado. Acontece que, quando você se candidata a uma cargo eletivo, você se programa. Então, para o meu segundo mandato, fiz isso para que eu pudesse reestruturar minha equipe e conviver com essa realidade. No primeiro mês do meu segundo mandato, eu renunciei ao 14º e 15º salário e aos benefícios pagos por reuniões extraordinárias, mesmo ainda não estando aprovado. Foi o compromisso que eu fiz.

Inovação junto à tradição política

ENTREVISTA COM LAFAYETTE ANDRADA (PSDB), candidato a deputado estadual

Por Kaio Lara

O deputado recebeu nossa equipe e falou sobre história política, propostas e realizações.
O deputado recebeu nossa equipe e falou sobre história política, propostas e realizações.

Os antepassados do deputado estadual Lafayette Andrada (PSDB) têm personagens envolvidos na política brasileira desde a Independência do país até os dias atuais. Em Juiz de Fora, o parlamentar recebeu a equipe do blog inFormação em seu gabinete na Avenida dos Andradas, endereço com nome apropriado para um membro da tradicional família de Barbacena. Segundo Lafayette, a atração pela política vem de “herança genética”. Em 1992, ele iniciou a vida pública como vereador de Lavras. Depois disso, foi secretário municipal em Barbacena, vereador em Juiz de Fora, superintendente de Assuntos Municipais e secretário de Estado de Defesa Social nos governos estaduais do PSDB. Atualmente, atua na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) cumprindo o segundo mandato consecutivo. Na última quinta-feira (25), o deputado recebeu nossa equipe e falou sobre história política, propostas e realizações.

inFormação – Desde 1821 a família Andrada tem um representante na política, seja em cargos do Legislativo ou Executivo. O senhor faz parte da sexta geração dessa trajetória. O que levou o senhor a ingressar na política? Foi apenas por influência da família ou teve algum outro fator?
Lafayette Andrada  Principalmente a influência da família. Há mais de 150 anos que a família atua na vida pública e eu cresci nesse meio. Isso acaba sendo um incentivo, convivendo com essa experiência. E, naturalmente, tem uma herança genética que acaba nos atraindo para vida pública, me levando a concorrer às eleições.

O fato do senhor pertencer a uma família de tradição política pode representar um problema, diante de um cenário em que a população tem cobrado renovação tanto das personalidades políticas quanto da forma de se fazer política?
Aí são duas questões que a gente precisa analisar: o fato de pertencer a uma família que há muitos anos está participando da vida pública faz com que eu acabe me aperfeiçoando, conhecendo com mais profundidade a política do que pessoas que passam a entrar recentemente. A outra questão que você abordou é a vontade de renovação. Na verdade, essa vontade existe não tanto pelas pessoas (políticos), mas pela forma de governar. O que eu percebo é que justamente, por uma certa falta de tradição política, seja partidária, nos municípios ou das pessoas, acaba que fica esse “experimenta, tenta, experimenta, tenta…” e, por isso, não vão dando certo. Então, é justamente o contrário, o que falta é experiência na política. Quando a população hoje deseja e quer realmente renovação, é porque o que está aí não está dando certo. Se tivéssemos, na verdade, uma grande gama de políticos, homens públicos, que tivessem larga experiência, talvez muitas coisas ruins, que nós estamos vendo acontecer, não aconteceriam.

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O senhor acredita que representa essa nova forma de fazer política ou isso independe do senhor?
Isso depende muito de mim, é claro, da minha formação e do meu modo de ser. O que eu trago é isso, uma visão de passado, experiência que me traz, então, plenas condições de ter uma visão de futuro. De ter uma visão de renovação em cima da experiência que eu já tenho. Essa que é a grande diferença: as pessoas querendo mudança, mas mudança sobre o quê? Qual é o passado que a gente quer mudar? Qual passado você conhece que precisa ser transformado? Eu trago essa experiência. E ao mesmo tempo tenho minha juventude e uma visão de futuro diferente.

Na visão do senhor, qual é a função de um deputado estadual?
O deputado tem duas funções principais, a primeira delas é fiscalizar as ações do Poder Executivo. Ele tem que representar a população no sentido de fiscalizar as ações que o governo está tomando. E a segunda é legislar. Compete ao deputado legislar sempre em favor do povo. Essas duas são as funções básicas de um deputado. A terceira é a representação da população, ele é a voz da população no debate das grandes questões que envolvem o cidadão.

Na busca pelo terceiro mandato, o que ficou para fazer nos próximos quatro anos? Quais são suas principais propostas?
A atuação parlamentar, na verdade, se debruça em cima de discussões gerais. É lógico que existem alguns parlamentares, alguns deputados, que têm um horizonte mais restrito dentro de uma linha de atuação. Por exemplo, existem parlamentares médicos que são muito engajados na causa da saúde, parlamentares policiais na causa da segurança, então, (eles) são uma minoria. Eu, pela minha formação (em direito) e pela minha atuação, fiz parte do governo (tucano) e sou líder de um bloco partidário que tem nove partidos, então a minha atuação é mais generalista. Eu atuo em discussões importantes, mas que envolvem várias temáticas. Eu sou membro de fiscalização financeira, da Comissão de Segurança Pública, sou suplente da Comissão de Administração Pública, sou suplente da Comissão de Meio Ambiente. Então, eu tenho uma atuação mais generalizada e, como sou líder de um partido (PSDB) e líder de um bloco, eu necessariamente participo de discussões de todas as temáticas. É esse trabalho que eu devo continuar fazendo.

Questões muito demandadas pela população, como saúde, educação e segurança também estão entre esses temas gerais?
Eu tenho contribuições fortíssimas nessas áreas. Na área da segurança eu fui secretário de estado de segurança (Secretaria de Estado de Defesa Social). Eu quero dizer que eu não atuo só nessas áreas. A minha atuação é fortíssima na área de segurança pública, fui secretário e conheço profundamente essa temática. Tenho uma atuação muito forte na área da saúde e da educação. Minha família, inclusive, trabalha nesse meio, mas o que eu quis dizer é que eu não trabalho só nisso. Porque enquanto alguns deputados focalizam e ficam só nessa temática, eu trabalho nessas e em outras mais também.

São 22 anos na carreira política: vereador de duas cidades diferentes e dois mandatos como deputado estadual, além de cargos no governo do estado. Dos projetos que o senhor implementou durante sua vida pública, qual elege ser de maior destaque? O que ficou faltando desenvolver?
Eu tive uma atuação destacada em alguns projetos importantes, não foram poucos. Na confecção da nova lei orgânica da Polícia Civil, eu fui praticamente o artífice. Está tramitando hoje na assembleia uma PEC, a PEC número 69, que trata dos servidores efetivados, que é de minha autoria e está tendo grande repercussão também. Eu trabalhei de maneira muito intensa na criação da Copanor, que é a subsidiária da Copasa, que atua no Norte de Minas. É como eu falei, como sou líder, eu tenho uma atuação com vasta capilaridade. Na lei de organização do Poder Judiciário eu fui o relator e tive uma atuação muito importante nela também. Ou seja, eu tenho um elenco muito extenso de leis que são importantes e estão vigorando.

Entre as comissões permanentes e a extraordinária na Assembleia Legislativa, o senhor participa de três grupos com discussões que envolvem meio ambiente, desenvolvimento sustentável, recursos hídricos e energia. Por que essa ligação com a sustentabilidade? Isso vem de onde? O senhor tem essa bandeira?
Tenho. É uma bandeira que eu carrego. A minha família, como você mesmo falou, tem uma longa tradição na política. O velho José Bonifácio Andrada e Silva, que foi o patriarca da Independência do Brasil, que era um iluminista, um intelectual, é considerado o precursor do meio ambiente no Brasil. Ele é considerado uma das primeiras vozes a favor do meio ambiente. E lá atrás, na época da Independência, ele já condenava a pesca da baleia e já alertava contra os perigos das queimadas. Realmente ele tinha uma visão muito forte. E eu sou funcionário de carreira do Ibama, estudei agronomia em Lavras, então é da minha formação. E é uma área que eu gosto de atuar, mas com muita responsabilidade, sabendo a importância da sustentabilidade, mas também dos grupos econômicos que atuam na agricultura e na pecuária como forma importantíssima de alimentar a humanidade. Mas é uma bandeira que eu gosto, o meio ambiente.

“ Eu sou sempre a favor da vida, sou sempre a favor da paz”

ENTREVISTA COM LUIZ OTÁVIO FERNANDES COELHO (Pardal-PTC), candidato a deputado estadual

Por Ana Carolina Silva

Pardal: A assembléia legislativa precisa ser revitalizada.
Pardal: A assembléia legislativa precisa ser revitalizada.

A aparência calma e simpática cedeu lugar às mãos trêmulas e nervosas. Assim a equipe do inFormação foi recebida por Luiz Otávio Fernandes Coelho (PTC), mais conhecido como Pardal. O vereador está em seu segundo mandato na Câmara Municipal e almeja agora uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, como deputado Estadual. As mãos inquietas talvez demonstrassem o cuidado que Pardal tomaria em tocar em questões polêmicas, como o aborto, a homossexualidade e a troca de partido. O candidato, que se coloca sempre “a favor da vida”, deixa explícito que não defende o direito ao aborto, mas pondera que por ser um assunto delicado, deva ficar a cargo do Poder Judiciário. A mudança do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para o Partido Trabalhista Cristão (PTC) também foi destacada na entrevista. Segundo ele, o episódio envolvendo o ex-prefeito Alberto Bejani (na época também do PTB), afetou diretamente a tentativa de reeleição. “Eu perdi mil votos”, afirma Pardal. Mas, apesar do desgaste imediato, o vereador acredita que a população soube separar sua imagem da do correligionário, mesmo porque ele retornou à Câmara Municipal em 2013. Após cerca de 50 minutos de espera pela conversa, ele contou o que o levou a entrar na política e apresentou suas principais propostas.

inFormação – Vereador Luiz Otávio Fernandes Coelho, o que levou o senhor a ingressar na política?

Luiz Otávio Coelho (Pardal) – O que me levou a ingressar na política é exatamente ter a capacidade de reconhecer de forma interna a possibilidade de fazer coisas em prol das pessoas. Esta foi a proposta inicial. Eu já estou com sete ou oito disputas. Na quarta disputa para vereador eu ganhei meu primeiro pleito, depois que acabou esse primeiro mandato, acabei me afastando por um período. Agora, de 2013 a 2016, consegui retornar.

Na opinião do senhor, qual é a função de um deputado estadual?

Ela é semelhante à de um vereador. As principais atribuições são exatamente o quê? Legislar em prol de uma camada maior, porque no nível municipal nós temos restrições, pois temos que estar sempre respeitando a nossa Constituição Federal e, consequentemente, a gente precisa ter, através dessa legalidade, dessa constitucionalidade, nossos projetos de lei, que precisam aprová-los e apresentá-los. Concluindo, a gente precisa, nessa condição de um deputado, ter um alcance maior, porque, consequentemente, nos possibilita ter um crescimento maior além daquilo que cabe a nós fazermos, os nossos projetos de leis. Enfim, ter uma estrutura maior, também obedecendo a nossa Constituição.

Por que o senhor decidiu se candidatar ao cargo de deputado estadual?

Acredito que seja nessa mesma linha de procurar ajudar um pouco mais além do que nos possibilita a condição de vereador, porque hoje nós entendemos e é de conhecimento de todos que Juiz de Fora está sem um representante na Assembleia Legislativa. Não temos um sequer, não é? (Na verdade, o deputado Leonardo Moreira tem registro por Juiz de Fora). E em um segundo mandato você pode buscar esse caminho para tentar uma vaga junto a Assembleia, para poder dar uma revitalizada, dar uma melhorada nessa representatividade. Criar essa qualidade de vida para as pessoas na saúde, educação, habitação, segurança. Precisamos, com essa condição de ser um dos representantes, criar mecanismos para que possamos primeiro retribuir a confiança hoje na política, que está muito difícil. Essa é a proposta para que a gente possa não só representar Juiz de Fora, bem como o estado de Minas Gerais, mas, em especial, a nossa região aqui da Zona da Mata e Mantiqueira.

Quais são suas principais propostas?

Nós temos problemas sociais que são de conhecimento de todos. É a saúde e a segurança, por todo o país, a falta de habitação, e a educação. Eu acho muito importante sempre procurar valorizar os nossos educadores (…). Mas com isso eu quero então, na condição de um dos representantes junto à Assembleia, buscar aquilo que precisamos fazer sempre. Melhorar segurança, educação, saúde, enfim, tudo que a gente puder colaborar, aproximando o governo, porque a política tem que ter esse discernimento por parte de quem representa a população, e acabar com essa distância. Eu acredito que tem que haver aproximação entre antigos e novos candidatos no partido. A relação entre eles não pode ser diminuída. Acima de tudo você tem pensamentos e propostas diferentes de situações que precisamos atender como representantes que seremos e somos. Esse é o fator principal, tem que ter essa proximidade com o governador, esses relacionamentos sempre amistosos dentro da assembleia. Todos nós juntos, com nossos poderes distintos, temos que fazer com que as necessidades da população sejam atendidas.

Enquanto vereador o senhor defendeu a bandeira do funcionalismo público. Caso eleito, pretende prosseguir neste rumo?

Sim. A gente precisa atender a todos os segmentos e o nosso funcionalismo público não pode ser diferente. Eu procuro fazer neste meu segundo mandato um trabalho à frente como líder do prefeito (Bruno Siqueira) aqui na casa e temos feito isso constantemente. O prefeito tem essa sensibilidade de procurar buscar sempre essa valorização dos servidores. Então, se tivermos essa oportunidade junto a Assembleia, não só para a nossa categoria, mas para todos os segmentos que precisam de uma atenção, assim faremos. E que nós possamos mudar esse paradigma que de que sempre o político entra lá e esquece de todos os setores. Eu quero contribuir conforme faço aqui no município. Eu quero ter um compromisso com os nossos servidores estaduais e municipais, buscando sempre a qualidade para todos e que todos possam ter mais dignidade nos seus trabalhos.

O senhor considera que tenha elaborado algum projeto de lei de destaque na cidade que poderia ser estendido para o estado de Minas?

Quando se fala em regularização de imóveis, acho que toda Minas Gerias passa por essa situação. Eu fui autor desse projeto de lei que possibilita a regularização dos imóveis, com isso, se tem um alcance muito grande, porque se as pessoas podem regularizar os imóveis elas podem ter acerto familiar, podem estar vendendo ou adquirindo um imóvel junto a um financiamento bancário. Outro projeto importante e aprovado recentemente é o que trata da não constatação do nome do pai biológico na certidão de nascimento. Isso traz desgaste muito grande para um aluno e acima de tudo prejuízo moral e ético para a criança, porque, com essa falta de informação, esse adolescente, essa criança, pode ser prejudicada. O que acontece demais é o pai participar apenas no momento do evento necessário e, depois, quando acontece um fruto, não reconhece o filho. No ato da matrícula nas escolas municipais, será verificado se na certidão de nascimento consta o nome do pai. As escolas precisam comunicar ao Ministério Público (MP), que fará contato com essa mãe e, posteriormente, tentará identificar quem é o pai dessa criança.

O senhor era do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) na época em que o ex-prefeito Alberto Bejani renunciou para não ser cassado. Quando e por que o senhor mudou de partido? Teve alguma relação com esse episódio?

Essa possibilidade é exatamente o que a legislação eleitoral permite. Eu, no meu primeiro mandato, de 2005 à 2008, acabei tendo um desconforto muito grande com o acidente que aconteceu na cidade, que foi reconhecido, lamentavelmente, e divulgado em todo o nosso país. Mas eu não estou aqui para julgar ninguém pois também sou cheio de defeitos, falhei em uma das minhas atribuições que é fiscalizar o Executivo. Eu tinha uma convicção que eu não saí desse primeiro mandato com (o impacto de) todas essas situações criadas pelo ex-prefeito. Eu sabia e tinha convicção que eu poderia trabalhar para voltar, tanto é que, quando eleito, eu tive 3.537 votos. Quando eu tentei a reeleição, em função desses problemas, é lógico que causou um desgaste muito grande, mas não foi de uma maneira muito assustadora. Eu tive uma perda de mil votos apenas, ou seja, os meus amigos souberam separar que o Pardal não tinha ligação nenhuma com aquelas situações que foram criadas. Tive ainda, naquela oportunidade, 2.500 votos, mas não consegui me reeleger. Acho que pagamos todos nós por isso, foi uma penalidade. Continuei trabalhando novamente e consegui agora, a partir de 2012, o meu segundo mandato com 2.789 votos e a possibilidade de representar com dignidade conforme sempre fiz.

 PARDAL CITAÇÃO CERTA

O senhor costuma ter a imagem atrelada à do empresariado. Até que ponto essa associação é algo positivo, já que na visão dos sindicatos, esse comportamento poderia favorecer as classes patronais e não os trabalhadores?

Respeitando o que você está perguntando, vou responder. Segmentos, seja ele patronal, empresarial, sindical, todo esse trabalho tem que ser buscado para dar atenção a todos os setores que são pedidos, seja ele qual for. Eu estou sempre pronto para poder ouvir, que é o nosso papel (…). Não tem essa preferência para poder atender este ou aquele. Enfim, eu quero estar sempre pronto para todas as pessoas para qualquer que seja o seu objetivo desde que seja sempre para fazer as coisas legais, pois é o que eu sempre faço.

Qual é a opinião do senhor em relação a homossexualidade e ao aborto? É a favor ou contra as leis que tratam de tais assuntos?

São casos muito pontuais. Eu acho que eu nunca vou falar que sou favorável ao aborto. Uma mulher que é estuprada, por exemplo, passando por algum local e daí vem um cidadão delinquente, totalmente insensível, porque mulher nunca deve fazer isso dessa forma, nem a força em qualquer sentido, e ele por um determinado momento de total falta de lucidez ataca essa moça, que ele não tem relacionamento amoroso nenhum, aí entra uma pergunta: se esse estupro gera uma criança que é uma vida, como faz com essa criança que não tem culpa nenhuma desse ato dessa pessoa? Vai tirar essa vida, vai abortar? É uma coisa muito difícil a gente poder falar, eu sou sempre a favor da vida, sou sempre a favor da paz, então eu acho que é uma situação que depende muito do Judiciário. Quem vai ter a capacidade de fazer um julgamento dessa natureza é o juiz. E que ele possa ter essa sensibilidade de avaliar que, acima de todo esse desgaste que a mulher vai passar, tem uma vida ali que precisa ser preservada. Relacionamento do mesmo sexo, eu também não tenho nada contra. Porém, eu construí a minha família, eu tenho a minha mulher e duas filhas. Acho eu, com certeza, que esse é o trajeto mais normal para esse sedimento familiar. Mas, desde que um casal com o mesmo sexo tenha respeitabilidade, amor entre si e possa fazer com que a coisa evolua sempre para o bem, resguardando talvez os locais para que esse amor possa florescer, pois precisa ser feito em um local mais reservado, eu não tenho nada contra essas pessoas. Porém, entendo também que para proliferar essa humanidade nossa que é muito bacana, existe um relacionamento que é aquele mais conveniente: “homem + mulher = filhos”.

“Quero estar em 2016 interferindo na eleição municipal de Juiz de Fora, sem ser candidato”

Por Talita Balzo

ENTREVISTA COM ISAURO CALAIS (PMN), candidato a deputado estadual

Nascido em Miraí, filho de pais com situação financeira precária, o vereador Isauro Calais (PMN) começou sua militância política aos 12 anos no MDB, partido de oposição ao de seu pai, que na época era filiado ao Arena. Em seu quinto mandato consecutivo na Câmara Municipal de Juiz de Fora, onde foi presidente entre 2001 e 2004, Isauro tornou-se reconhecido por defender o direito dos idosos. Nas eleições de 2012, foi o vereador mais votado da cidade, com 5.127 votos.

“Fui o primeiro presidente da Câmara dos Vereadores, na história do Brasil, a economizar e devolver ao município mais de R$ 6,5 milhões de reais”, diz orgulhosamente Isauro, que também faz questão de frisar ter sido o presidente da CPI que apurou irregularidades na gestão do ex-prefeito Bejani, em 2008, e o primeiro vereador, no exercício da presidência, a chefiar o Executivo. O candidato concedeu entrevista à nossa equipe no dia 19 de setembro, afirmando que preza pela família e pela religião, e destacando a paixão por Juiz de Fora.

inFormação – O que levou o senhor a ingressar na vida política?
Isauro Calais – Meu pai era vereador do Arena e eu via as atrocidades da ditadura que chegavam no interior, nas cidades pequenas, onde o pobre sempre era colocado para escanteio. (…) Meu pai entrou para a política, mas eu não compactuava com o que eu ouvia Brasil afora, as poucas informações que tínhamos eram através do rádio.
Comecei a militar com 12 anos no MDB, que era o partido de oposição, inclusive contra o partido que meu pai era vereador, participando dos movimentos estudantis e, mais tarde, de campanhas políticas. Depois fui para o Rio, com 16 anos, e participei de toda a manifestação na Cinelândia. Eu estava lá brigando pela anistia, correndo dos cavalos, da truculência da polícia. (…) Chegando em Juiz de Fora, em 1981, vendo a oposição, a ditadura ainda efervescente, passei a militar no MDB daqui e na política estudantil. Fui presidente do DA (diretório acadêmico), depois fui presidente do Bairro Progresso, Borborema e Santa Paula, e, então, me candidatei a vereador. Fui levado para política, primeiro para contestar aquilo que estava acontecendo, que eu via desde criança, depois por opção, para tentar fazer algo para melhorar a vida do cidadão.(…)

Candidato, o que te fez vir para Juiz de Fora e, principalmente, o que te fez ficar por aqui, se apaixonar por essa cidade e querer ajudá-la?
Juiz de Fora é uma cidade universitária. Eu fui para o Rio com 16 anos. (…) Cheguei aqui em Juiz de Fora com 20 para 21 anos. Vim terminar o ensino médio. (…) Aqui, as portas foram abertas para mim. (…) Eu tenho 53 anos. Então, eu tenho Miraí como minha terra natal e Juiz de Fora como minha terra natal. E aqui eu construí a minha história. (…) Sou casado com essa bela moça (nesse momento o candidato aponta para esposa, que acompanha a entrevista), sou funcionário público há 30 anos, quatro anos como serventuário da Justiça, e 26 anos como defensor público estadual e gestor da Defensoria. Fui candidato em 1988 pela primeira vez. (…)

Para o senhor, em que um deputado estadual pode ajudar esta cidade que acredita estar tão mal tratada?
Nós éramos a segunda economia (de Minas Gerais), hoje, somos a sétima. O deputado estadual pode ajudar a atrair (empresas) para Juiz de Fora. Nós temos o ICMS mais alto do Brasil. Minas Gerais pratica 18% de ICMS. O estado do Rio pratica 2%. Nós temos que discutir a reforma tributária no nosso Estado. (…) Esta carga tributária que está fazendo com que principalmente cidades que fazem fronteira com o Rio de Janeiro sejam massacradas pela concorrência desleal do ICMS. (…) Quantas políticas públicas falam sobre a terceira idade? Nenhuma. Atuamos em Juiz de Fora com ações efetivas, com leis, porque, segundo o Banco Mundial, a população vai envelhecer daqui a três ou quatro décadas. (…) Então, legislar é fazer políticas efetivas para melhorar a terceira idade. Lazer, saúde, segurança, acessibilidade. Qual a ação que você viu, nestes anos, pelo portador de deficiência física? Poucas. Então, agora mesmo, nós estamos mexendo nas rampas do Centro da cidade. Vamos atender obviamente o idoso, mas vamos atender o portador de deficiência, principalmente o cadeirante. (…) Qual ação efetiva nós temos para a segurança em Minas Gerais? Propaganda tem muito, mas propagandas mentirosas. (…) O que foi feito por Juiz de Fora? A cidade não tem deputado estadual. Contagem tem três, Montes Claros também tem três, Uberlândia tem cinco. Portanto, me desculpe, mas votamos errado! (…)

Efetivamente, qual a função de um Deputado Estadual?
Legislar. Legislar para que haja leis, como eu te disse, para o idoso, deficiente físico, para a criança, para o adolescente, para os animais, para a saúde, para a educação, segurança. Outra função é fiscalizar o Poder Executivo. São ações que o deputado deve fazer no seu cotidiano. Além de legislar, além de fiscalizar o Poder Executivo, eu quero estar gritando nos quatro cantos da Assembleia, aos quatro cantos do Governo de Minas, se porventura Juiz de Fora me der esta oportunidade, de estar lá, falando da Zona da Mata, deste empobrecimento, desta dificuldade que nós temos.

Quais as suas principais propostas?
Como eu te disse, a primeira delas é atrair indústrias para a cidade. Nada modifica, se não tiver ação real para o desenvolvimento, e desenvolvimento para mim é emprego. Emprego que a indústria gera. Até para você fazer com que Juiz de Fora tenha uma ação social melhor, tem quer ter recurso. Para ter recurso, tem que ter empresa que gere recurso. Mas, com o pouco que Juiz de Fora fez para a terceira idade, ações, não só minhas, não só da comissão que eu presido, mas que outros já fizeram no decorrer destes 20 anos, como o Pró-Idoso e a Amac, Juiz de Fora é a terceira melhor cidade de Minas, e a 14ª do Brasil, para se viver depois dos 60 anos. São essas ações que nós queremos fazer lá na Assembleia Legislativa. Legislar para o social, para a segurança pública, melhorar a nossa saúde. Nós não podemos ter o mesmo hospital que tínhamos quando o governador veio aqui, há seis ou sete anos atrás. (…) Eu sou vereador há cinco mandatos, sem enganar ninguém. Sou o vereador mais votado de Juiz de Fora na última eleição, sem enganar ninguém. E mesmo se enganasse. Você pode enganar uma pessoa por um tempo, alguns por algum tempo, mas você não engana a todos todo o tempo. (…) Outra questão, são os incentivos que o Brasil dá para a produção de carros, em vez de privilegiar as pessoas. Estão privilegiando a máquina em detrimento do cidadão. Em cidades grandes, você passa de cinco a seis horas dentro de um ônibus, dentro de um carro. Eu acho que para produzirmos um carro, tínhamos que tirar outro carro de circulação.

E com relação à educação?
Educação é escola em tempo integral. Valorizar o magistério, ter mais profissionais. (…) A criança teria que entrar às 7h, sair às 17h ou 18h, já alimentada, com todas as refeições do dia, já tendo praticado esportes, já tendo estudado sua grade curricular, já tendo feito exercícios deste estudo que teve e já tendo feito alguma ou várias aulas de inglês, espanhol. Aí nós teríamos uma sociedade bem diferente. Eu tive que fazer uma faculdade particular. Eu não tive como estar fazendo pública. Eu estudei em colégios pagos no Rio de Janeiro, não tive como fazer um bom cursinho e tinha que trabalhar para me manter aqui em Juiz de Fora. O Brasil fala muito em igualdade, através de lei. Eu acho que tinha, em vez de criar cota, tinha que dar condição para que o cidadão tivesse qualidade de vida, em ensino fundamental, um ensino médio de qualidade. E todo com valorização efetiva. Não é justo que o pobre tenha um ensino público que muitas vezes não tem qualidade. Depois não tem como pagar um cursinho, e não tem como entrar para uma faculdade publica gratuita. Ele tem que, se quiser uma faculdade, ainda sofrer para pagar uma faculdade particular. Então, ensino de tempo integral.E valorização, obviamente, do magistério, não tenha nem dúvida.

Candidato, o senhor falou que a primeira decisão é trazer indústrias para Juiz de Fora. Só que o setor industrial está em crise no Brasil. Saiu o BIF ontem que um dos piores setores no Brasil é o industrial. Como é que, diante deste quadro, o senhor pretende trazer indústrias e trazer contratações para Juiz de Fora?
Vá a Uberlândia para você ver se está em crise. Quando eu falo indústria, é trazer empresas que possam gerar empregos. Não é trazer uma indústria de mil, dois mil, três mil funcionários. É possível que venha. Como Uberlândia, Betim, Contagem que receberam agora nos últimos tempos, muitas empresas. Nós estamos trazendo a distribuidora da Fiat para Juiz de Fora. Vai produzir o carro em Betim e vai vir para distribuir em Juiz de Fora. Já é uma conquista maravilhosa. Vão gerar empregos. Mas o que vamos ter de ICMS pago por ela, uma boa fortuna. É esse ICMS que faz com que a saúde seja melhor, que haja mais recurso para saneamento básico. Agora nós temos de brigar pela indústria. (…) Esse empreendimento que tem aqui na entrada de Matias Barbosa, na saída de Juiz de Fora, você vai nestas cidades de São Paulo, cidades de cinquenta mil habitantes, oitenta mil habitantes, você tem de 20 a 30 empreendimentos daquele ali. Como tem ali no Park Sul. Agora o Eduardo Santos está fazendo do outro lado, indo para Ewbank da Câmara (…). Por que que nós não podemos fazer isto aqui? Não há incentivo do Governo estadual para esses parques, para que venham empresas para cá.

É comum, na Câmara, na Casa Legislativa, que se devolva aos cofres municipais o dinheiro que não foi aplicado. Mas senhor ressalta bastante que devolveu R$ 6 milhões…
Eu fui o primeiro na história do Brasil a fazer isto.

Quais as atitudes o senhor tomou para que isso acontecesse e que os outros presidentes das casas legislativas não tomaram? Qual foi o seu diferencial, para que você conseguisse economizar este dinheiro, devolver esse dinheiro?
O orçamento do Município, a Câmara tem um percentual dele e o município passa isso, um duodécimo. Cada mês, aquele orçamento é dividido. (…) Todos os servidores da Câmara tiveram cursos em Juiz de Fora, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo. Deram condições de os servidores estarem se reciclando, aprimorando, para que pudessem prestar um serviço melhor à população de Juiz de Fora. (…) O Governo Municipal não dava aumento, nós dávamos 10% de aumento. No tempo em que fui presidente, eu dei 40% de aumento para os servidores da Câmara, valorizando o profissional. E aí, quando eu chamei esse servidor (para dizer) que nós não podíamos ter uma folha de ofício como papel de rascunho; que nós não podíamos pegar um telefone para ficar ligando para um telefone celular para namorar, para bater papo; que nós deveríamos estar dando uma demonstração de que o dinheiro público tem que ser zelado, tem que ser cuidado. (…) O telefone, quando eu entrei para presidente da Câmara, era R$8.000 (a conta). Quando eu saí da presidência, o telefone era R$2.800. Tudo conseguido com a economia que nós implantamos lá atrás. Gasolina, o presidente que me antecedeu gastava em um mês o combustível que eu gastava em um ano. Isso é deszelo com o dinheiro público. Então, fizemos muito, trabalhamos muito, tivemos criatividade e economizamos. (…)

Candidato, a população tem cobrado uma reforma política. Na opinião do senhor, essa economia, esse corte de gastos, é um caminho para essa reforma?
Reforma política tem que existir de qualquer jeito. Tem que ter o voto distrital. Nós temos que ter eleições coercivas, presidente e vereador. Nós temos que ter um mandato de cinco anos. Nós não podemos ter um Senado que tenha 8 anos (de mandato). Eu defendo a eleição de um senador com um suplente ou um que não tenha suplente. Assume o segundo mais votado. (…) Trinta e tantos partidos políticos. Deveria ter oito partidos no máximo. Não é justo ter essa farra de partidos, que não tem ideologia (…). Essa eleição tem que coincidir, nós temos que ter eleição no mesmo dia, para todo mundo. O que não pode é Juiz de Fora ter essa penca de candidatos que tem aí hoje. Efetivamente, tem três ou quatro querendo concorrer a deputado estadual. Acho que nem isso chegaria, porque os outros querem concorrer a vereador, mas aí lança agora visando a candidatura a vereador em 2016. Então, se fosse tudo junto, que ele fosse candidato hoje a vereador. Aí nós teríamos uma representatividade. (…) Eu queria que fizesse uma pergunta para o cidadão: Você quer que faça hospital ou que compre campanha de deputado, de senador, de presidente da república? Você quer que faça segurança ou que banque campanha de senador? Agora, como é que seria o financiamento se não for público? Se o financiamento fosse por pessoas físicas? Você vai doar, vai fazer a campanha. E o que você doar, vai abater parte da doação no seu Imposto de Renda. Mas que não haja interferência da pessoa jurídica na vida parlamentar. (…)

Prioritariamente, para o senhor, quais gastos poderiam ser cortados nas Câmara Federal e Assembleia Legislativa, neste exato momento?
Aqui eu fiz os meus, como presidente da Câmara. Na Assembleia, eu não sei qual é a estrutura da Assembleia. Quando eu chegar lá, eu vou ter noção. Eu acho que, primeira coisa: político no Brasil é bem remunerado. (…) Não só em Juiz de Fora, mas nas câmaras municipais de todas as cidades, nas câmaras legislativas dos estados. Tem que pensar mais no público. (…) Então, eu acho que podem ter ações para melhorar as estruturas, enxugar as estruturas dos legislativos, como eu fiz como presidente da Câmara, para que haja menos desperdício e menos gasto do dinheiro público.

O senhor defendeu aqui duas vezes que existem muitos partidos políticos.
Muitos.

Seu partido não é um dos principais.
Deveriam dar 30 dias, você migra para outro partido, ou você não vai ter partido para ser candidato. Meu partido é um partido pequeno, é um partido que não deveria existir. Na reforma política, deveria ter redução de partidos e de candidatos a deputados. (…)

O senhor tem intenção de mudar de partido?
Acabei de te falar. Tem que acabar com esse monte de partidos. Não existe ideologia neste partido. Neste e na maioria. Eu vou te dizer que, oito partidos seria o ideal no Brasil, não tenha dúvida. Meu partido iria se fundir com o PPS no início do ano passado. Não houve essa fusão. Lá atrás, eu defendia essa mudança, acabar com essa farra partidária. Mas, não adianta. Já tem no forno, lá no Tribunal Superior Eleitoral, no TSE, doze novos partidos. Que podem sair agora, são três, entendeu?

Quais são os motivos, então, que te levaram a sair candidato pelo PMN?
Eu estava no PDT. Eu queria disputar uma eleição. Havia um pedido do meu segmento, tanto da Defensoria Pública, quanto da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), para que eu disputasse a eleição para deputado, e o partido já havia determinado que eu não seria candidato. Então, eu fiz a escolha pelo PMN. Não me intitulo dono dele, portanto eu sou o presidente dele e quero que ele acabe. (…) Quero que haja reforma partidária para que possamos ter um número de partidos que o eleitor possa escolher bons representantes. (…) Aí é só assistir a um programa eleitoral e você vai ver o nível da nossa política no Brasil. O nível dos nossos partidos.

O senhor está sendo sondado ou tem a intenção de ser candidato a prefeito de Juiz de Fora?
Não. Quero cumprir, se ficar vereador, o meu mandato de vereador, e se ganhar a eleição para deputado, quero cumprir o meu mandato de deputado. Quero reeleger o Bruno prefeito de Juiz de Fora. Eu acho que nós temos que dar, a nós mesmos, essa maluquice que é a da reeleição. Já que nós temos a possibilidade de reeleger o Bruno, acho que nós podemos dar a oportunidade para que ele possa estar, com oito anos de mandato, tentando fazer algo importante.

Então, como deputado, o senhor pretende manter o mandato até o final, caso eleito?
Até o final. Quero estar em 2016 interferindo na eleição municipal de Juiz de Fora, sem ser candidato. Ser eleitor e cabo eleitoral para que a gente possa melhorar Juiz de Fora.